Uma reportagem da edição eletrônica do Diário de Canoas desta semana mostrou que um aluno de uma escola da cidade de Viamão, no Rio Grande do Sul, foi obrigado a limpar a pichação que fez na parede da sala de aula da escola onde estuda. De acordo com a reportagem, a escola havia acabado de ser pintada em um mutirão de pais, professores e alunos no feriado de 7 de Setembro. Foram necessários 8 meses para arrecadar cerca de mil e oitocentos reais para comprar todo o material necessário, além de muitas horas de trabalho voluntário.
De acordo com a professora, em entrevista a uma rede de televisão, o aluno teria afirmado que seria o primeiro a sujar as paredes da escola. Dito e feito. Um tempo depois apareceram nas paredes da escola marcas de pichação com o apelido do tal aluno. O garoto pichador levou uma bronca da professora e vice-diretora da escola, e as imagens da advertência foram parar na internet. Nas imagens o garoto de 14 anos aparece cobrindo as marcas nas paredes, e a professora dizendo que ele parecia um “bobo da corte fazendo palhaçada, estragando as coisas dos outros”.
A isso seguiu-se uma avalanche de opiniões sobre a atitude da professora. Para a mãe do estudante, o filho foi humilhado. Para alguns especialistas, a atitude da educadora expôs o menino a condição vexatória, contrariando o Estatuto que defende os direitos da Criança e do Adolescente, o ECA. Há outros que defendem a atitude da professora, e ela, por sua vez, reconhece que exagerou, mas defende-se argumentando que ficou indignada com desrespeito do garoto.
De acordo com a professora, em entrevista a uma rede de televisão, o aluno teria afirmado que seria o primeiro a sujar as paredes da escola. Dito e feito. Um tempo depois apareceram nas paredes da escola marcas de pichação com o apelido do tal aluno. O garoto pichador levou uma bronca da professora e vice-diretora da escola, e as imagens da advertência foram parar na internet. Nas imagens o garoto de 14 anos aparece cobrindo as marcas nas paredes, e a professora dizendo que ele parecia um “bobo da corte fazendo palhaçada, estragando as coisas dos outros”.
A isso seguiu-se uma avalanche de opiniões sobre a atitude da professora. Para a mãe do estudante, o filho foi humilhado. Para alguns especialistas, a atitude da educadora expôs o menino a condição vexatória, contrariando o Estatuto que defende os direitos da Criança e do Adolescente, o ECA. Há outros que defendem a atitude da professora, e ela, por sua vez, reconhece que exagerou, mas defende-se argumentando que ficou indignada com desrespeito do garoto.
Eu também quero dar também a minha opinião. Se tivesse que escolher um lado para defender, certamente eu ficaria do lado da professora. Só quem milita na educação sabe a dificuldade que é manter uma escola limpa e organizada. Infelizmente, na maioria das vezes, o vandalismo que depreda e devasta as instituições de ensino públicas no Brasil é provocado pelos próprios alunos. A precarização do ensino por parte do Estado impede que as escolas recebam melhorias estruturais, acelerando a degradação dos espaços físicos agravando severamente a deficiência da educação pública. Resta aos educadores unir-se às comunidades locais em ações voluntárias para restaurar um pouco da dignidade das instituições públicas de ensino, preenchendo um vácuo deixado pela leniência e ineficiência do Estado. O que a professora de Viamão fez junto com a comunidade é digno de elogios diante da inércia do poder público. Gastar horas de serviço em pleno feriado para pintar a escola é, no mínimo, respeitável.
Respeito foi exatamente o que faltou ao aluno repreendido. Ao ameaçar que seria o primeiro a pichar a escola ele deixou claro seu completo descaso com o esforço alheio. E, ao consumar a ameaça, riscando as paredes, apostou suas fichas na impunidade, tão comum em casos de delinqüência juvenil no país.
É possível, sim, admitir certo exagero no ato da professora. Mas ele é totalmente justificável, em minha opinião, levando-se em consideração o desrespeito do aluno. A juventude do nosso tempo tem sido criada para não obedecer às regras, não respeitar limites e nem assumir a responsabilidade por seus atos. A cada dia surgem casos de adolescentes e jovens agredindo pessoas, depredando patrimônios públicos e privados ou, em casos mais extremos, roubando, matando e cometendo outros crimes, escondendo-se atrás de uma inexistente inocência, sendo defendidos e amparados por todos os recursos disponíveis, que terminam por legalizar a irresponsabilidade e autorizar a desordem. Não sou contra os mecanismos que defendam os direitos de crianças, adolescentes ou qualquer outro segmento da sociedade. Mas acredito que está na hora de falarmos também em deveres. Crianças e adolescentes têm direitos, sim, mas também têm deveres. Se eles não forem ensinados desde já que devem respeitar limites e agirem com responsabilidade, quando aprenderão? Se uma escola não pode ensinar regras elementares de responsabilidade e bons modos aos alunos, quem ensinará?
É certo que isso deveria ter sido ensinado pelos pais do garoto, mas o que se viu na reportagem foi uma mãe disposta a ir às últimas instâncias para defender o direito do filho e, em nenhum momento assegurando qualquer tipo de correção ao ato de vandalismo gratuito. As famílias têm perdido a condição de primeira escola do cidadão. Os pais têm deixado de ser educadores para se transformarem em defensores das traquinagens dos filhos. E a moçada, consciente da impunidade, revira a sociedade de cabeça para baixo sem a menor cerimônia, e sai rindo de deboche, porque desconhece as noções elementares de respeito e autoridade.
A escritora Lya Luft escreveu um excelente artigo na revista Veja desta semana (“Educação e autoridade”), no qual afirma que “o tema autoridade começa a ser um verdadeiro tabu entre nós”. Lya defende ainda que a educação e a noção de autoridade começam em casa. Permitam-me citar algumas partes do texto de Lya: “Na década de 60 chegaram ao Brasil algumas teorias nem sempre bem entendidas e bem aplicadas. O ‘É proibido proibir’, junto com uma espécie de vale-tudo. Alguns psicólogos e educadores disseram que não devíamos censurar nem limitar nossas crianças: elas ficariam traumatizadas (...) Resultado, crianças e adolescentes insuportáveis, pais confusos e professores atônitos: como controlar a má-criação dos que chegam às escolas, se uma censura séria por uma atitude grave pode provocar indignação e até processo por parte dos pais? (...) Meus anos de vivência mostraram que a meninada, que faz na escola ou nas ruas e festas uma baderna que ultrapassa o divertimento natural ao seu desenvolvimento mental e emocional, geralmente vem de casas onde tudo vale. Onde os filhos mandam e os pais se encolhem (...)”.
Melhor para aquele garoto foi a professora tê-lo feito limpar a sujeira que fez, fazendo-o assumir a responsabilidade por seu erro; e teria sido melhor ainda se sua mãe viesse a público anunciar um corretivo exemplar para a grosseria do filho. Melhor para a sociedade seria que os pais assumissem, com urgência, seu papel de educadores. Ou então gente como aquele garoto de Viamão se tornará mito, ícone para a juventude, exemplo a ser seguido; e nós, sim, é que mereceremos o título de “bobos da corte”.
Respeito foi exatamente o que faltou ao aluno repreendido. Ao ameaçar que seria o primeiro a pichar a escola ele deixou claro seu completo descaso com o esforço alheio. E, ao consumar a ameaça, riscando as paredes, apostou suas fichas na impunidade, tão comum em casos de delinqüência juvenil no país.
É possível, sim, admitir certo exagero no ato da professora. Mas ele é totalmente justificável, em minha opinião, levando-se em consideração o desrespeito do aluno. A juventude do nosso tempo tem sido criada para não obedecer às regras, não respeitar limites e nem assumir a responsabilidade por seus atos. A cada dia surgem casos de adolescentes e jovens agredindo pessoas, depredando patrimônios públicos e privados ou, em casos mais extremos, roubando, matando e cometendo outros crimes, escondendo-se atrás de uma inexistente inocência, sendo defendidos e amparados por todos os recursos disponíveis, que terminam por legalizar a irresponsabilidade e autorizar a desordem. Não sou contra os mecanismos que defendam os direitos de crianças, adolescentes ou qualquer outro segmento da sociedade. Mas acredito que está na hora de falarmos também em deveres. Crianças e adolescentes têm direitos, sim, mas também têm deveres. Se eles não forem ensinados desde já que devem respeitar limites e agirem com responsabilidade, quando aprenderão? Se uma escola não pode ensinar regras elementares de responsabilidade e bons modos aos alunos, quem ensinará?
É certo que isso deveria ter sido ensinado pelos pais do garoto, mas o que se viu na reportagem foi uma mãe disposta a ir às últimas instâncias para defender o direito do filho e, em nenhum momento assegurando qualquer tipo de correção ao ato de vandalismo gratuito. As famílias têm perdido a condição de primeira escola do cidadão. Os pais têm deixado de ser educadores para se transformarem em defensores das traquinagens dos filhos. E a moçada, consciente da impunidade, revira a sociedade de cabeça para baixo sem a menor cerimônia, e sai rindo de deboche, porque desconhece as noções elementares de respeito e autoridade.
A escritora Lya Luft escreveu um excelente artigo na revista Veja desta semana (“Educação e autoridade”), no qual afirma que “o tema autoridade começa a ser um verdadeiro tabu entre nós”. Lya defende ainda que a educação e a noção de autoridade começam em casa. Permitam-me citar algumas partes do texto de Lya: “Na década de 60 chegaram ao Brasil algumas teorias nem sempre bem entendidas e bem aplicadas. O ‘É proibido proibir’, junto com uma espécie de vale-tudo. Alguns psicólogos e educadores disseram que não devíamos censurar nem limitar nossas crianças: elas ficariam traumatizadas (...) Resultado, crianças e adolescentes insuportáveis, pais confusos e professores atônitos: como controlar a má-criação dos que chegam às escolas, se uma censura séria por uma atitude grave pode provocar indignação e até processo por parte dos pais? (...) Meus anos de vivência mostraram que a meninada, que faz na escola ou nas ruas e festas uma baderna que ultrapassa o divertimento natural ao seu desenvolvimento mental e emocional, geralmente vem de casas onde tudo vale. Onde os filhos mandam e os pais se encolhem (...)”.
Melhor para aquele garoto foi a professora tê-lo feito limpar a sujeira que fez, fazendo-o assumir a responsabilidade por seu erro; e teria sido melhor ainda se sua mãe viesse a público anunciar um corretivo exemplar para a grosseria do filho. Melhor para a sociedade seria que os pais assumissem, com urgência, seu papel de educadores. Ou então gente como aquele garoto de Viamão se tornará mito, ícone para a juventude, exemplo a ser seguido; e nós, sim, é que mereceremos o título de “bobos da corte”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário