quarta-feira, 2 de junho de 2010

"SIM, SENHOR!"

Há ocasiões na vida que surgem lições capazes de nos fazer refletir e reconsiderar atitudes e posturas. Geralmente isso ocorre quando ouvimos determinadas pregações, ou lemos um texto bíblico; ou, ainda, quando lemos um bom livro. Há outras ocasiões em que isto ocorre em uma simples conversa com um amigo ou ouvindo o depoimento de alguém conhecido. Mas há momentos em que, de onde menos se espera, despontam ensinamentos capazes de não apenas nos surpreender, mas de também nos levar á reflexão, e, por que não dizer, a mudanças de atitudes. Foi o que aconteceu comigo há alguns dias atrás assistindo o filme “Sim Senhor!”.

Não esperava gostar tanto de um filme protagonizado por Jim Carrey. Sinceramente, não sou muito fã do desempenho dele como ator. Mas o filme “Sim Senhor!” é uma preciosidade.

No filme, Jim Carrey é um camarada mal-humorado, que se incomoda com um telefonema, que detesta uma visita inesperada, que não aceita nenhum panfleto de propaganda na rua, nem dá gorjeta para o flanelinha. É um chato de galocha. Empregado de uma financeira, Carl Allem, nome do personagem de Carrey, habituou-se a dizer “não” a todo mundo. Sua vida se resumia ao “não”. Era a resposta mais simples para escapar dos inconvenientes e despistar-se dos amigos e colegas de trabalho do tipo malas sem alça. Até que Carl encontra-se com um amigo que lhe recomenda participar de uma reunião com um guru de auto-ajuda, que desenvolveu um programa, cujo método simples consistia em dizer “Sim” a qualquer coisa que lhe acontecesse ou que lhe oferecessem. Carl topou participar do programa. O primeiro “Sim” foi dado a um mendigo que lhe pediu carona. Foi aí que a sua vida começou a mudar.

Não vou contar o filme aqui. Nem quero dizer que esse tipo programa daria cem por cento certo na vida real; afinal, não dá para dizer “Sim” a tudo e a todos. Guardadas todas as devidas considerações, é possível dizer que funciona. Na verdade, o próprio filme mostra que o segredo não é dizer “Sim” a tudo, mas ao que realmente merece.  É possível encontrar no filme uma grande lição.

A vida tem tudo para ser agradável e prazerosa. Mas a gente tem a grande tendência de dificultar as coisas. O mau-humor e a lamentação roubam o prazer e a beleza da nossa existência. Nossa falta de paciência afasta as pessoas de nós. Nossos gestos arrogantes e palavras grosseiras estragam amizades e prejudicam nosso convívio familiar. Somos impacientes no trânsito; tratamos mal as pessoas no trabalho; irritamos facilmente com os familiares; ignoramos com desdém quem nos oferece um folheto na rua; esquecemos de agradecer quem nos atende na lanchonete; fingimos não ouvir o celular para não atender um amigo; fingimos estar ocupados para não ir a uma festa de aniversário; enfim, passamos a maior parte da vida dizendo “Não” para escapar das pessoas. Até que um dia chegamos à conclusão de que não temos amigos, de que ninguém visita a nossa casa, de que ninguém se lembra do nosso aniversário ou de que estamos envelhecendo e a vida passou sem sentirmos prazer nela.

O segredo talvez não seja dizer “Sim” a todos. Mas pode estar em dizer “Sim” mais vezes. O segredo pode estar em uma atitude mais simpática, em ser mais gentil, mais paciente, mais humano. O segredo para viver uma vida com mais alegria pode estar em gestos simples, mas que podem ser capazes de surpreender e se tornar inesquecíveis. O segredo pode estar em um “Muito obrigado”, em um simples “Bom dia”, em um sincero “Por favor” ou, quem sabe, em um sorriso, ou em um apaixonado “Eu te amo”; ou, quem sabe, em um simples “Sim Senhor!” para quem pede uma carona; ou para quem pede uma informação; ou para quem deseja apenas entregar um panfleto de propaganda.

Gestos simples são capazes de mudar a vida de quem faz e de quem recebe. Se tivéssemos mais cuidado com as pessoas, mais respeito e mais paciência, se fôssemos mais gentis, talvez passaríamos menos tempo reclamando da vida; talvez teríamos mais amigos; talvez fôssemos mais felizes. Estou tentando. E confesso: funciona, "sim, senhor"!

Agnaldo Silva Mariano

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom este texto.Abraços...