quarta-feira, 29 de setembro de 2010

NÃO PRECISO DE NINGUÉM PENSANDO POR MIM

Tenho recebido nos últimos meses um sem número de e-mails alertando sobre as eleições. São mensagens terroristas que divulgam, sem passar pelo crivo da veracidade, informações sobre alguns dos candidatos à presidência da República no pleito do próximo domingo. Todos esses e-mails querem alertar sobre perigos envolvendo uma possível vitória de candidatos que, supostamente, estão contra a fé cristã. Não me lembro de ter autorizado esses e-mails, porque não me lembro de ter sido consultado se gostaria ou não de recebê-los. Mas como a internet é um território sem muitas fronteiras, nem sempre há como filtrar esse tipo de mensagem.

Um dos perigos desse tipo de e-mail é o de se propagar informações a respeito das pessoas, sem que elas tenham o direito sagrado de se defender. Muitas dessas informações, inclusive, podem não ser verdadeiras. Fico profundamente triste ao ver que muitos crentes propagam essas mensagens sem averiguar se são ou não confiáveis. E o pior é saber que muitas pessoas, ao propagar tais mensagens, imaginam estar prestando um grande serviço aos remetentes, influenciando - e até determinando - a sua maneira de pensar.

Se há uma coisa que me deixa indignado é desconfiar que haja pessoas tentando pensar por mim. Eu creio que não preciso disto. Aliás, ninguém precisa disto. Não preciso de pessoas pensando e decidindo o que eu devo pensar e como devo agir. Abomino essas mensagens terroristas porque não passam de proezas de gente a serviço da preguiça intelectual. Tenho o direito e o dever de pensar por mim mesmo, baseado em minhas convicções, valores e crenças. Não preciso de ninguém pensando por mim. Desculpem o desabafo. Não quero parecer arrogante. Quero apenas exercer o meu direito de pensar usando o meu próprio cérebro.

Agnaldo Silva Mariano

DO MAGISTRADO CIVIL

I. Deus, o Senhor Supremo e Rei de todo o mundo, para a sua glória e para o bem público, constituiu sobre o povo magistrados civis que lhe são sujeitos, e a este fim, os armou com o poder da espada para defesa e incentivo dos bons e castigo dos malfeitores. (Rom. 13:1-4; I Ped. 2:13-14).

II. Aos cristãos é licito aceitar e exercer o ofício de magistrado, sendo para ele chamado; e em sua administração, como devem especialmente manter a piedade, a justiça, e a paz segundo as leis salutares de cada Estado, eles, sob a dispensação do Novo Testamento e para conseguir esse fim, podem licitamente fazer guerra, havendo ocasiões justas e necessárias. (Prov. 8:15-16; Sal. 82:3-4; II Sam. 23:3; Luc. 3:14; Mat. 8:9-10; Rom. 13:4).

III. Os magistrados civis não podem tomar sobre si a administração da palavra e dos sacramentos ou o poder das chaves do Reino do Céu, nem de modo algum intervir em matéria de fé; contudo, como pais solícitos, devem proteger a Igreja do nosso comum Senhor, sem dar preferência a qualquer denominação cristã sobre as outras, para que todos os eclesiásticos sem distinção gozem plena, livre e indisputada liberdade de cumprir todas as partes das suas sagradas funções, sem violência ou perigo. Como Jesus Cristo constituiu em sua Igreja um governo regular e uma disciplina, nenhuma lei de qualquer Estado deve proibir, impedir ou embaraçar o seu devido exercício entre os membros voluntários de qualquer denominação cristã, segundo a profissão e crença de cada uma. E é dever dos magistrados civis proteger a pessoa e o bom nome de cada um dos seus jurisdicionados, de modo que a ninguém seja permitido, sob pretexto de religião ou de incredulidade, ofender, perseguir, maltratar ou injuriar qualquer outra pessoa; e bem assim providenciar para que todas as assembléias religiosas e eclesiásticas possam reunir-se sem ser perturbadas ou molestadas. (Heb. 5:4; II Cron. 26:18; Mat. 16:19; I Cor. 4:1-2; João 15:36; At. 5:29; Ef. 4:11-12; Isa. 49:23; Sal. 105:15; 11 Sam.23:3).

IV. É dever do povo orar pelos magistrados, honrar as suas pessoas, pagar-lhes tributos e outros impostos, obedecer às suas ordens legais e sujeitar-se à sua autoridade, e tudo isto por amor da consciência. Incredulidade ou indiferença de religião não anula a justa e legal autoridade do magistrado, nem absolve o povo da obediência que lhe deve, obediência de que não estão isentos os eclesiásticos. O papa não tem nenhum poder ou jurisdição sobre os magistrados dentro dos domínios deles ou sobre qualquer um do seu povo; e muito menos tem o poder de privá-los dos seus domínios ou vidas, por julgá-los hereges ou sob qualquer outro pretexto. (I Tim. 2:1-3; II Ped. 2:17; Mat. 22:21; Rom. 13:2-7, e 13:5; Tito 3:1; I Ped. 2:13-14, 16; Rom. 13:1; At. 25:10-11; II Tim. 2:24; I Ped. 5:3).

(A Confissão de Fé de Westminster, capítulo XXIII).

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

QUANDO A OBRIGAÇÃO VIRA MÉRITO

Honestidade, respeito, honradez, sinceridade e humildade sempre foram virtudes fundamentais para qualquer ser humano. Ter e demonstrar virtudes sempre foi tratado como obrigação. Não ter virtudes sempre foi o estreanho, o anormal. "Educação vem do berço", diziam os antigos. E com a educação, vinham as virtudes. Meus pais sempre me ensinaram que virtude é obrigação, não opção.

O problema é que as coisas estão mudando tanto, que as virtudes têm se tornado artigo de luxo nas relações humanas. Parece ser tão raro encontrar um cidadão honesto que, quando alguém faz a obrigação de devolver um dinheiro encontrado que não lhe pertence, ele logo vira manchete de jornal e até ganha recompensa. A cada dia que passa o que é obrigação vai se tornando mérito e a própria virtude é desvirtuada. Aí o cidadão que encontra um objeto perdido, ao invés de devolver e ficar no anonimato da obrigação, começa a fazer planos de como se dar bem ao devolver ao dono o objeto encontrado, e como tirar vantagem da gentileza.

A meritocracia da obrigação está escancarada no Horário Eleitoral gratuito. Basta perder alguns minutos diante da TV para se observar candidatos enchendo o peito para dizer que têm ficha limpa, que são honestos, que nunca roubaram, que nunca se envolveram em escândalos, etc. Há alguns de quem a gente desconfia de tanta lisura; mas há outros que é possível acreditar que sejam, de fato, pessoas corretas. Mas será mesmo que essas virtudes precisariam ser apontadas como um diferencial para alguém se apresentar como candidato em uma eleição? A que ponto chegou a sociedade! A obrigação agora virou mérito; e os candidatos se orgulham daquilo que se deve aprender desde o berço. Vangloriam-se do que têm o dever de ser, não apenas como concorrentes a um cargo público, mas como cidadãos.

O projeto Ficha Limpa virou bandeira de campanha de candidatos nesta eleição, mas muitas pessoas não sabem que o projeto não nasceu no Congresso Nacional, até porque muitos parlamentares jamais aprovariam uma lei que fosse contra os seus interesses. O projeto surgiu como uma iniciativa do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MMCE), que colheu mais de 1 milhão de assinaturas em todo o país. Ou seja, é um projeto de lei de iniciativa popular. Coube aos parlamentares apenas dizer “sim” (ou “não”) ao óbvio. Ver parlamentares de carreira pedindo voto pendurados no Ficha Limpa é uma indecência. Se fosse tão interessante para os parlamentares limpar o Congresso Nacional dos fichas-sujas, por que eles mesmos não tomaram a iniciativa de votar uma lei semelhante antes?

Assistir ao Horário Eleitoral evidencia o que se passa na sociedade brasileira. As virtudes são tão raras na sociedade que se tornaram artigos de luxo. Ter virtude não é mais visto como obrigação, mas como mérito pessoal. Não precisaríamos criar uma lei Ficha Limpa para assear o Congresso Nacional se, como cidadãos, não aceitássemos tantos jeitinhos no nosso dia a dia para resolver nossos problemas. Se tivéssemos o cuidado de devolver o troco dado a mais por engano em uma mercearia, talvez não permitíssemos que fosse eleito um candidato que superfatura uma obra pública. Se não aceitássemos furar a fila no banco pedindo a um amigo para pagar as nossas contas, talvez não aceitássemos votar em um candidato que recebe propina para beneficiar um empresário amigo. Se não pedíssemos uma mãozinha a um figurão da política para dar um emprego a um parente nosso, talvez não votássemos em políticos que praticam nepotismo descaradamente. Se pagássemos nossas contas em dia talvez não votássemos em candidatos que sonegam impostos.

Se as virtudes fossem vistas pelos eleitores como obrigação, talvez não assistíssemos a tantos candidatos defendendo seus próprios valores como méritos no Horário Eleitoral. Minha maior frustração é olhar não apenas para o Horário Eleitoral, mas para o Congresso Nacional e adjacências governamentais, e imaginar que ali está o reflexo da nossa sociedade. Que pena! Pouca coisa vai mudar!
 
Agnaldo Silva Mariano

terça-feira, 14 de setembro de 2010

CUIDADO COM O MANIQUEISMO ELEITORAL

As eleições se aproximam, e com elas, a expectativa em relação aos nomes que ocuparão os diversos cargos em disputa. Os candidatos têm pouco tempo para convencer os indecisos, e os indecisos têm pouco tempo para se decidir. Intensificam-se as propagandas e com elas os ataques, as defesas e algumas suspeitas.

Ao longo do período de campanha vários alertas são emitidos a fim de despertar o cuidado do eleitor. Eu mesmo fiz alguns aqui no blog, mas não quero, e nem posso, decidir por ninguém, nem mesmo influenciar qualquer pessoa na sua escolha. O voto é uma escolha individual. Este blog não se manifesta em defesa de nenhuma agremiação política, nem a favor de nenhum candidato. Os alertas que fazemos não são - e nem se pretende que sejam – inclinações para este ou aquele nome ou partido.

Gostaria de usar este espaço para dar uma opinião sobre o conhecido posicionamento do pastor Paschoal Piragine, amplamente divulgado através de vídeos na internet. Assisti várias vezes ao vídeo e concordo com boa parte do pronunciamento do pastor. Mas fico preocupado com a interpretação que muitas pessoas têm feito daquelas palavras.

As palavras do pastor Piragine têm sido interpretadas por muitas pessoas como uma palavra final quanto ao partido mencionado e seus candidatos. Para muitos, não votar naquele partido será suficiente para garantir que os valores cristãos não sejam ameaçados no país. É como se aquele partido fosse um representante do mal, e devêssemos votar em outro que fosse o representante do bem. Vale ressaltar que o pastor Piragine em nenhum momento apresentou outro partido ou candidato como opção. Mas ao nomear o tal partido, muitas pessoas podem entender que ele seja do mal e os concorrentes sejam do bem. É um tipo de maniqueísmo eleitoral.

Reconheço que há muitas questões defendidas por partidos políticos e candidatos que, como cristãos, não podemos aceitar. Postei há alguns dias um vídeo de outro partido onde é exposta sua defesa em relação à união homossexual. Por uma questão de consciência eu não votaria em um partido que defende tal posição. Mas não poderia tratar o partido como um representante do mal na terra. Eu sou contra a união de pessoas do mesmo sexo, assim como sou contra o aborto e outros temas denunciados no vídeo do pastor Piragine. Mas não vejo a política como uma luta entre o bem e o mal. É preciso ter muito cuidado com esse tipo de maniqueísmo eleitoral, porque nada garante que, se qualquer outro partido concorrente vencer as eleições, esses e outros temas não serão igualmente defendidos ou autorizados. Não sou eleitor do partido denunciado pelo pastor Piragine, nem concordo com muitas de suas posturas, mas não posso concordar com o tipo de maniqueísmo adotado por muitos a partir do pronunciamento.

A Igreja precisa se posicionar contra determinados temas que afetam não apenas a ética cristã como também a vida humana na terra. Ela precisa orar e denunciar o pecado. Mas ela precisa lembrar também que “o mundo inteiro jaz no maligno” (1 Jo 5. 19). O que está em disputa nas eleições não são os valores cristãos, embora muitos desses valores sejam agredidos e afrontados por alguns candidatos. Esses valores são absolutos, e continuarão sendo, mesmo que haja governos que os ataquem frontalmente. Mas se o mundo está morto por causa do pecado, caberá à Igreja cumprir o seu papel de evangelizar e proclamar a verdade do Evangelho a fim de que sejam libertos os cativos e os eleitos salvos. Acreditar que a manutenção dos valores cristãos dependerá do partido político que estiver no poder é, no mínimo, inocente demais.

Os cristãos poderão, por motivo de consciência, deixar de votar em um partido ou outro. Mas que não transformemos a eleição em uma guerra entre o bem e o mal. Não creio que haja partidos do mal, assim como não creio que haja partidos do bem. Há propostas e propostas; caberá a cada eleitor, a partir de sua consciência, definir as que julga boas ou ruins. E acima de tudo, como cristãos, devemos crer que Deus é o Senhor, e que ele estará sempre no controle. Seja qual for o candidato eleito ou o partido que ele representar, fará somente aquilo que Deus, em sua Soberania o permitir, para a sua própria glória.


Agnaldo Silva Mariano

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

QUANDO A RELIGIÃO É UMA AMEAÇA

A religião é uma prática essencialmente humana. Faz parte da constituição humana a necessidade de buscar no transcendente as respostas aos questionamentos mais elementares sobre sua existência. Por isso, a religião, como disse João Calvino, é um fato universal. Disse o reformador em suas Institutas: “Nós, sem discussão alguma, afirmamos que os homens têm um certo sentimento da divindade em si mesmos; e isto, por um instinto natural”. E ainda, citando Cícero, diz: “Não há povo tão bárbaro, não há gente tão brutal e selvagem, que não tenha arraigada em si a convicção de que há um Deus. E, ainda, os que em algumas coisas parecem quase não se diferenciarem dos animais, conservam sempre neles certa semente de religião” (Institutas, Livro I, capítulo III).

A religião aproxima pessoas, oferece respostas a diversos dramas humanos, conforta e estimula hábitos e práticas salutares. Praticamente todas as religiões têm como princípio fundamental o amor ao próximo e o bem comum. Entretanto, há ocasiões em que a religião pode ser uma ameaça ao próprio ser humano.

A religião é uma ameaça quando é um fim em si; quando tenta ser, ela mesma, o caminho que conduz o homem pecador a Deus. O que liga o homem ao Criador não é a religião, mas o Filho único de Deus, que veio à terra para realizar esta tarefa, que somente Ele poderia realizar (Hb 9. 11 e 12).

A religião é uma ameaça quando se transforma em uma mera causa, querendo fazer prosélitos a qualquer custo para seus interesses. Quando isto acontece, fiéis são convertidos em soldados, dispostos a matar e morrer por um idealismo sem sentido e não é mais possível separar os fundamentos da religião das suas interpretações. Aí o que é salutar torna-se doentio, e o que é fundamento torna-se fundamentalismo cego. Ninguém deveria matar por uma religião, nem precisaria morrer por ela. Jesus nunca disse que deveríamos morrer pelo Cristianismo, mas afirmou que deveríamos estar dispostos a morrer por Ele. Morrer pelo Cristianismo é fanatismo, mas morrer por Cristo é lucro (Fp 1. 21). Morrer em nome da fé em Cristo só se justifica quando há uma ameaça real; matar em nome dessa mesma fé, entretanto, não é nem opção nem mandamento.

A religião é uma ameaça quando tenta substituir a democracia por uma teocracia auto-intitulada. Em toda a história humana, o único estado realmente teocrático já existente foi o de Israel no Antigo Testamento. Deus era o Rei daquela nação (1 Sm 12. 12). Ele mesmo fundou aquela nação e a governou. As leis que regulavam toda a vida nacional eram ditadas e administradas pelo próprio Deus. Mas isto cessou quando Israel deixou de ser o povo exclusivo de Deus. Hoje não há governo teocrático nem deve esperar-se que haja. O máximo a que se chega hoje é a governos “religiocráticos”. Mas os resultados não têm sido benéficos. A religião é uma ameaça quando quer assumir o controle do estado. E quando isso ocorre ela é capaz de tantas atrocidades quanto os governos anti-religiosos o são. Os Talibãs e as Inquisições podem provar isto.

A religião é uma ameaça quando se intromete em assuntos que não lhe dizem respeito, quando se coloca no centro de discussões que não são, necessariamente, matérias de fé, ou quando extrapola os limites da consciência individual e pretende assenhorear-se da razão. A religião se torna uma ameaça quando assume a perigosa missão de, por si mesma e por seus ideais, salvar o mundo; quando admite que ser religioso é sinônimo de ser salvo.

O risco de tornar-se uma ameaça é igual a todas as religiões, inclusive ao Cristianismo. O Cristianismo não é um fim em si mesmo. Seu alvo é Cristo e sua mensagem de salvação. Só há salvação no Cristianismo porque nele está Cristo. Sem Cristo não há salvação nem haveria Cristianismo de verdade. Se o Cristianismo cumprir sua missão de anunciar a Redenção realizada no Calvário na pessoa de Jesus, seu papel estará cumprido. O objetivo do Cristianismo não é salvar o mundo, mas anunciar ao mundo o Salvador. Se o Cristianismo revogar esta missão para tornar-se uma mera causa política ou idealista, ele se transformará em mais uma ameaça tão horrenda quanto as ameaças a que ele se opõe.

Agnaldo Silva Mariano

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

SE A GENTE COLOCAR O BOM SENSO EM AÇÃO VAI DAR TUDO CERTO

Época de campanha eleitoral é sempre a mesma coisa. Os candidatos fazem de tudo para agradar o eleitorado. Beijam criancinhas, visitam favelas, sobem os morros, tomam cafezinho, andam de jumento, distribuem sorrisos e abraços. Tudo para passarem uma imagem simpática ao povo. Até freqüentar igrejas eles freqüentam. Se houver um evento com muitos crentes juntos, então, é um prato cheio! Eles não perdoam. Sobem nas tribunas, usam o nome de Deus, tentam citar versículos bíblicos e até arriscam cantar os hinos. Querem parecer piedosos e defensores das causas cristãs, mesmo que depois façam leis que prejudiquem as igrejas ou, em outras ocasiões, defendam tudo aquilo que a fé dos cristãos rejeita.

Não dá para dizer que certas aparições de políticos em eventos ou igrejas evangélicas não têm um cheirinho de oportunismo. Não sou contra a ida deles em eventos ou igrejas cristãs. Mas poderiam evitar o constrangimento de tentar falar ou ser ou que não sabem nem são. Poderiam ficar, como se diz, na deles e falar do que realmente querem do povo ali, e pronto. Ficar fazendo média, forçando uma piedade chega a ser piegas.

O candidato tucano à presidência da república submeteu-se a esse embaraço ao participar da Expocristã, uma feira de produtos voltados para o público evangélico. Cercado de crentes, o candidato cantou a música “Vai dar tudo certo” e disse: “Os valores de Cristo são os meus valores. Não sou cristão de boca de urna para agradar eleitor, conquistar votos e no dia seguinte esquecer o assunto. Pratico o Cristianismo na minha vida pessoal e política”.

Se é verdade ou não, é difícil saber. Mas que parece oportunismo parece. Quero ver se daqui a algum tempo, vencendo ou perdendo as eleições, o candidato será tão piedoso assim. O mesmo vale para os outros candidatos que aproveitam as eleições para afirmar seus “valores cristãos” e, depois, negam veementemente qualquer relação com algum tipo de fé particular.

Pena que este tipo de bajulação seja tão apreciada por muitos evangélicos. Mas se a gente colocar o bom senso em ação vai dar tudo certo.

Agnaldo Silva Mariano

sábado, 4 de setembro de 2010

BEIJO GAY EM PROPAGANDA ELEITORAL

A propaganda eleitoral deste ano vem chamando a atenção pelas estranhas figuras que se aventuram em busca de um cargo público. Mas o PSOL, partido que concorre à presidência da república resolveu extrapolar. Assista o vídeo e reflita se é este o Brasil que você deseja. Se você conhece a Palavra de Deus, certamente saberá fazer a opção correta.



quinta-feira, 2 de setembro de 2010

MAIS UMA MARTELADA NA CABEÇA DO BOM SENSO

A sensatez levou mais uma martelada na cabeça. Quem pensou que já tinha visto de tudo no apelativo mundo das bizarrices do mundo neo-pentecostal se enganou. Na verdade, não parece haver limites para a criatividade – ou falta de senso – dos chefes da Seita Mundial do Poder de Deus e outras congêneres. A apelação beira à comédia. Aquilo parece uma feira dos horrores. Tem de tudo: água ungida no galão de vinte litros, toalhinha de pano, coluna de plástico e agora um martelo. É o “martelo da justiça de Deus”!

A martelada do “apóstolo” Valdemiro Santiago deu com força na cabeça do bom senso e doeu na alma cristã. Com a sede da seita fechada por ordem judicial, o homem do chapelão resolveu tosquiar com mais força o já tão sofrido povo que ele engana há tanto tempo. Agora está pedindo uma oferta de mil reais (qualquer semelhança com o apelo de outro tosquiador de ovelhas que tem por aí não é mera coincidência) para ajudar a reabrir a sede da Seita; e quem enviar a oferta receberá em sua casa o tal “martelo da Justiça de Deus”. O problema é que a idéia nem é tão original assim. Outro excêntrico e galhofeiro pregador já ofertava uma ferramenta semelhante na TV. Não demora e o Valdemiro terá de pagar direitos autorais. Bom, isso não será problema. Se isto acontecer ele poderá pedir uma oferta para pagar esses direitos e, de brinde, poderá oferecer, sei lá, um prego da bênção. Tipo assim: “Prego da bênção: sem ele o martelo não funciona!”

Chega a ser hilário ver o tal “apóstolo” segurando um martelo de madeira em frente à câmera apresentando os benefícios do produto. Com aquele chapelão parece um carpinteiro maluco. Nem quero imaginar o que os não crentes estão pensando nessa hora.

Valdemiro Santiago é um cômico da religião. É o Tiririca gospel. Ele faz graça da fé como o Tiririca faz graça da política. Já viu? “Pior do que está não fica”. O problema é que, em se tratando de Valdemiro Santiago e sua trupe, o pior sempre está por vir. O bom senso que prepare a cabeça: vem mais martelada por aí.

Agnaldo Silva Mariano

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

"MUNDIAL", "UNIVERSAL", MAS NÃO EVANGÉLICAS.

Há muito o crescimento do neo-pentecostalismo tem chamado a atenção de vários setores da sociedade, não apenas dos ligados à igreja evangélica. Seus métodos questionáveis de crescimento, a forte ênfase na chamada Teologia da Prosperidade, a liturgia precariamente cristã, e outras práticas estranhas ao modelo bíblico de Igreja vêm gerando desconforto e inquietação, a ponto de algumas delas não mais figurarem entre as denominações evangélicas consideradas idôneas.

A mídia tem dado forte ênfase aos métodos questionáveis de várias denominações neo-pentecostais, atribuindo aos seus líderes a responsabilidade por escândalos, envolvendo, principalmente, mau uso de dinheiro arrecadado dos fiéis e outras imprudências. O forte aparelhamento político-partidário de algumas denominações neo-pentecostais rechaça sua vocação missionária e evangelizadora, atestando interesses duvidosos seus e de seus líderes. O uso e emulações de técnicas e discurso tipicamente espíritas em profusão nas pregações e práticas atestam seu afastamento da verdade Bíblica e da simplicidade do verdadeiro Evangelho.

Estes e outros divisores éticos e doutrinários têm afastado algumas denominações neo-pentecostais da condição de igrejas confiáveis e genuinamente evangélicas. Diante de vários atestados de desconfiança, a Igreja Presbiteriana do Brasil tomou a dianteira e passou a considerar a Igreja Universal do Reino de Deus e a Igreja Mundial do Poder de Deus, representantes legítimas desse típico neo-pentecostalismo estrambótico, como seitas, e, como resultado, determinou que as pessoas que se transferirem dessas igrejas para qualquer Igreja Presbiteriana do Brasil deverão ser submetidas a novo batismo e profissão de Fé.

A decisão em relação à Igreja Universal foi apenas ratificada na reunião do Supremo Concílio da IPB, ocorrida em julho último, uma vez que já vigorava desde 2006. A novidade, portanto, se dá em relação à Mundial, uma denominação organizada há pouco mais de 10 anos, fruto de uma dissidência da Universal e que vem plagiando e sustentando os desvios oriundos de sua gênese, como também inventando as suas próprias excentricidades.

Creio que a posição tomada pela Igreja Presbiteriana do Brasil atesta seu compromisso com o verdadeiro Evangelho e reforça sua identidade reformada e, principalmente, bíblica. A IPB declara com isto não se conformar com o que se afasta das Escrituras em nome do politicamente correto. Bom seria se a mesma postura fosse seguida por outras denominações, uma vez que o evangelicalismo brasileiro parece estar em vias de um colapso teológico, que poderá vitimar quem não toma posição  em favor da Verdade.

Agnaldo Silva Mariano