quinta-feira, 27 de maio de 2010

CONFESSO QUE TENTO ENTENDER O MUNDO GOSPEL, MAS NÃO CONSIGO!

Desculpem publicar mais um post falando sobre vídeos da internet, mas não consegui resistir. É que nesses vídeos eu tenho oportunidade de ver e ouvir o que se passa no mundo gospel. E confesso que às vezes eu dou boas risadas vendo esses vídeos. Mas confesso também que fico preocupado, e, às vezes, revoltado. E há vezes que fico até com medo desse povo. Na maioria das vezes me pergunto: Isto é evangelho?

Hoje eu estava assistindo alguns desses vídeos. Confesso que eu tento entender algumas coisas que eu vi, mas é difícil! Não consigo saber para qual lado o mundo gospel está girando. Não consigo entender quem é companheiro de quem, quem anda com quem, quem crê ainda em certas coisas que dizia que cria, e quem continua não crendo naquilo que dizia que não cria. Um dia aparece um pastor desses de “sucesso” num vídeo dizendo que o G12 é do diabo; noutro dia ele mesmo, o próprio pastor, aparece em vídeos defendendo os camaradas do G12 e promovendo eventos com eles. Num dia eu vejo o pessoal daquela igrejona de Belo Horizonte num vídeo pregando a doutrina da Prosperidade; noutro dia a “pastora” dessa mesma igrejona aparece num outro vídeo condenando a mesma doutrina da Prosperidade que antes defendia. Num dia eu vejo um vídeo dessa “pastora” profetizando o fim da Igreja Católica Romana. Noutro dia a mesma “pastora” aparece em outro vídeo  dando entrevista dizendo que há muito mais crentes entre os católicos do que entre os próprios crentes; vejo também um vídeo em que o irmão dessa "pastora" aparece cantando uma música com uma banda católico-romana e dizendo que a união com os católicos é sinal de unidade.Num dia eu vejo um vídeo de um bispo pregando ao lado do Bispão. Noutro dia vejo um vídeo do mesmo bispo se auto-denominando “Apóstolo” e chamando o Bispão de ladrão. Um dia eu vejo um vídeo em que a turma aparece se derramando em lágrimas cantando “entra na minha casa, entra na minha vida”; noutro dia vejo em outro vídeo o mesmo pessoal falando que a tal música é diabólica.

Eu sinceramente não consigo entender esse mundo gospel. O pessoal fala e desfala, crê e descrê, prega e desprega com tanta facilidade que não dá para assimilar as coisas. Não sou contra mudanças. Creio que é possível mudar de opinião em relação a muitas coisas. Às vezes as mudanças são necessárias quando se percebe que o caminho que se segue não é bom. Mas o que ocorre no mundo gospel é que as mudanças, na maioria das vezes, não promovem melhoras, nem dirigem a turma para um lugar seguro. Pelo contrário, promove ainda mais confusão.

Sinceramente, acho que esse pessoal não sabe para onde está indo. Seria muito melhor se esse pessoal do mundo gospel procurasse orientar-se pela Escritura que é a bússola infalível do cristão. Seria muito mais seguro abrir mão das experiências subjetivas e das vaidades próprias e apegar-se ao que já está revelado na Palavra de Deus. Seria tão mais simples viver o evangelho assim!

É por isso que eu não me arrisco a entrar em certas ondas que aparecem por aí. É por isso que eu não dou crédito a muita coisa que vem desse mundo gospel. Sei lá onde isso vai parar!

Agnaldo Silva Mariano

quarta-feira, 26 de maio de 2010

DÁ VONTADE DE CORRER, DÁ VONTADE DE GRITAR, DÁ VONTADE DE PROTESTAR!

O Culto é uma das mais sublimes formas de o povo de Deus expressar o seu temor e reverência ao Todo-Poderoso. O Culto bíblico é sempre marcado pelo respeito e acatamento. A centralidade do Culto bíblico está em Deus e sua glória. O Deus que é “santo, santo, santo”, (Is 6. 3), Altíssimo (Sl 47. 1) e “tremendo nos seus santuários” (Sl 68. 35), cuja glória é como um fogo consumidor (Ex 24. 16) e diante da qual ninguém pode permanecer (Ex 40. 34; 2 Cr 5. 13 e 14). Percebe-se no Antigo Testamento um sentimento de medo dos adoradores diante do Deus que adoravam. As manifestações visíveis da glória de Deus enchiam o coração do povo de temor e, algumas vezes, de pavor. O povo tinha a exata noção de diante de quem estava reunido. “Ai de mim!”, exclamou Isaías, desesperado no templo. Diante da presença de Deus não havia gritos nem gestos espetaculosos, mas espanto e apreensão.

Alguém pode dizer: “Mas nós estamos no tempo da graça, pastor. O véu se rasgou. Hoje nós temos liberdade para entrar na presença de Deus sem medo”. Estes são argumentos que justificam a desordem que se pratica no culto de hoje.

Estamos debaixo da graça? Sim, não duvido. Mas no tempo da graça não há reverência? No tempo da graça não há temor? Não creio que a graça dispense o temor, a reverência nem mesmo o medo, pois o Deus da graça continua sendo santo, tremendo e Altíssimo. Foi assim que se expressou o escritor da carta aos Hebreus: “Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor; porque o nosso Deus é fogo consumidor” (Hb 12. 28 e 29). Graça e temor não são incompatíveis no culto. Ninguém adora verdadeiramente a Deus, ninguém o serve dignamente sem temor e reverência.

O véu se rasgou? Sim, a Bíblia diz. O véu representava a separação entre o homem e Deus, que foi rompida pelo sacrifício de Cristo. O véu do templo não representava a reverência, como se, ao ser ele rasgado, tal exigência fosse rompida. O véu se rasgou, mas Deus permanece no templo. Não reverenciamos o véu, mas o Deus Todo-Poderoso que se faz presente no culto.

Temos acesso à presença de Deus? Sim, a Bíblia assim garante. Mas ela não garante que podemos entrar na presença de Deus de qualquer maneira. “Tendo, pois, intrepidez para entrar no Santo dos Santos (...) aproximeno-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com água pura” (Hb 10. 19, 22). Veja que o autor faz referência ao ritual de purificação ao qual o sumo-sacerdote deveria se submeter para entrar no recôndito do Tabernáculo. Hoje nós temos acesso a esse lugar, antes reservado ao sumo-sacerdote, mas a necessidade de temor e reverência não foi retirada. Além disso, não temos acesso por méritos próprios, e sim “pelo sangue de Jesus”. Ou seja, só entramos no santuário de Deus em plena dependência do sacrifício de Jesus. A intrepidez de que fala o autor do livro de Hebreus é confiança nos méritos de Cristo, não um atrevimento irreverente.

Muitas pessoas justificam um culto irreverente nas palavra do apóstolo Paulo em 2 Coríntios 3. 17: “Onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade”. A má interpretação deste texto justifica cânticos aberrantes como o que diz: “Quando estou em tua presença, dá vontade de pular, dá vontade de correr, dá vontade de gritar, dá vontade de dançar”. E tome gritos, pulos, danças e histeria. Mas será mesmo que a liberdade de que Paulo falou é esta?

É preciso ser cuidadoso no momento de usar um texto bíblico para justificar alguma prática, afinal, todo texto bíblico está inserido em um contexto que não pode ser ignorado. Paulo quando diz que há liberdade onde o Espírito do Senhor está, não estava falando de culto, nem advogando nenhum tipo de irreverência litúrgica. Ele falava a respeito da liberdade que hoje temos, em Cristo, em relação à morte, ao pecado e ao esforço inútil de obedecer à lei pela nossa capacidade própria. Paulo não pensava em culto quando  falou a respeito da liberdade que temos no Espírito. Aliás, quando falou a respeito de culto, Paulo não admitiu irreverência, mas exortou a Igreja quanto á necessidade de “decência e ordem” (1 Co 14. 40).

Decência e ordem é o que falta em muitas manifestações de culto na igreja do nosso tempo. O que se observa, muitas vezes, são pessoas irreverentes, pulando, gritando, dançando ao som de músicas histéricas tocadas a níveis insuportáveis de altura. São verdadeiros cultos à liberdade de expressão humana, ao subjetivismo e ao emocionalismo. O critério último é: quanto mais extravagante, melhor. Aliás, quem nunca ouviu falar na tal “adoração extravagante”?

Extravagante significa: “Que anda fora do seu lugar; que se afasta do habitual, do comum, singular, original, estranho, excêntrico”. Extravagante é tudo que não combina com a verdadeira adoração. “Adoração extravagante” é uma absurda contradição, uma tola e irresponsável invenção da cultura gospel.

Quando observo algumas manifestações de culto hoje em dia sinto vontade mesmo de correr, de gritar, de protestar. Não é este o culto que Deus deseja receber. É inadmissível a idéia de um culto a Deus sem temor e respeito. Se quisermos saber como Deus quer ser verdadeiramente adorado precisaremos ir às páginas das Escrituras. Não podemos inventar ou imaginar o jeito que Deus deseja receber honra e glória. Senão partiremos para o bizarro como fez o povo de Deus no episódio do bezerro de ouro (Ex 32). Senão vamos abrir mão do temor achando que Deus é como um de nós. Senão entraremos correndo, gritando, pulando e dançando em um lugar onde não se pode entrar de outro modo, a não ser de joelhos, em silêncio e com o coração cheio do temor que exclame: "Ai de mim!”.

Agnaldo Silva Mariano

segunda-feira, 24 de maio de 2010

"PEQUENAS IGREJAS, GRANDES NEGÓCIOS". DITADO OU REALIDADE?

Há alguns anos atrás fui indicado para o pastorado de uma igreja. Quem indicou o meu nome foi um pastor amigo, membro do presbitério ao qual pertencia aquela igreja. Os dias se passavam e não recebi nenhum contato do Conselho. Nunca fui convidado para pregar em um culto daquela igreja; não sei se o meu nome foi, sequer, cogitado como possível candidato ao pastorado daquela igreja. Mas fiquei sabendo de algo que me deixou estarrecido. O Conselho havia contratado uma consultoria para traçar o perfil de pastor que aquela comunidade precisava. Minha decepção não foi o fato de não ter sido escolhido, mas o fato de saber que o critério para aquele Conselho escolher um pastor era empresarial, não vocacional.

A Igreja corre grandes riscos em nossos dias. Um deles é o risco de ser administrada como uma empresa. Em muitos contextos valoriza-se os “planejamentos estratégicos” mais do que a oração e dependência de Deus para o desenvolvimento da vocação da igreja. Muitas lideranças não se contentam apenas em planejar ações, mas planejam também os resultados de suas ações. Há os que querem convencer as lideranças de igrejas de que é necessário planejar o quanto a comunidade quer crescer por ano, quantas conversões a igreja espera alcançar, etc. Sinceramente, não creio que seja competência da igreja planejar conversões, pois não é ela que converte, e sim, o Espírito Santo.

A visão empresarial tem afetado a igreja a ponto de os pastores serem vistos como executivos, e terem seus currículos analisados friamente pelos conselhos interessados a fim de se escolher o melhor gestor. Os membros das igrejas são vistos, muitas vezes, como meros clientes a serem satisfeitos e agraciados, e o Evangelho se torna um produto a ser vendido. Por isso ouvem-se tantos termos próprios da vida empresarial no meio eclesiástico, como mercado, estratégia, gestão, marketing, etc. A situação é tão complexa que há igrejas sendo gerenciadas como franquias e até pastor patenteando nome de denominação.

Quando Jesus disse que estava edificando a sua Igreja, ele não pensou simplesmente em uma organização; ele pensou em um organismo. Ele não pensou em estratégias, nem marketing, nem mesmo nos resultados. Ele não chamou apóstolos para serem gerentes de um projeto, nem executivos de uma organização. Ele vocacionou pastores. Ele não chamou clientes, consumidores de um produto, mas chamou discípulos. Ele não chamou partidários de uma estratégia, mas seguidores da mensagem redentora do Evangelho.

Será que estamos seguindo a visão de Cristo sobre a Igreja? Ou será que o ditado “pequenas igrejas, grandes negócios” está se tornando uma realidade? A minha esperança é o fato de Cristo ter dito que as portas do inferno não prevaleceriam contra a sua igreja. O que me conforta é saber que o inferno pode prevalecer contra empresas, marcas, estratégias e patentes, mas não contra a verdadeira Igreja que Cristo edificou.

Agnaldo Silva Mariano

sexta-feira, 21 de maio de 2010

SE O SEU O EGO NÃO CABE NA IGREJA, SAIA DELA.

O Malafaia deixou a CGADB. Era questão de tempo. Mais cedo ou mais tarde isso aconteceria. O Malafaia cresceu tanto que acha que se tornou maior do que a CGADB. Ele acha que não precisa da CGADB. Ele acha que não precisa de mais ninguém. Ele acha que precisa só dele mesmo.

Há pessoas que estão na Igreja que se acham maiores que a própria Igreja. Há pessoas que acham que a sua “visão” pessoal é maior do que a visão da Igreja. Há pessoas cujo ego é tão grande que não cabe dentro da Igreja. Para essas pessoas só há um conselho válido: saiam da Igreja.

Tenho visto tantas pessoas deixando igrejas por aí, afirmando que a visão dessas igrejas não se adequava á sua própria “visão”. Por isso resolveram sair. Mas eu não creio que o problema seja “visão”. Na verdade, o grande problema é a falta de visão. Falta de visão de Reino de Deus, de Corpo de Cristo, e daquilo que os antigos chamaram de Comunhão dos Santos. Essas pessoas não precisam da Igreja. Precisam de si mesmas. O seu ego lhes basta. Desafiam qualquer estrutura com a arrogância que quem confia no seu próprio ego.

Eu já vi muitas pessoas deixarem igrejas e se tornarem famosas e ricas depois disto. Já vi muitos pastores abandonarem estruturas denominacionais e criarem estruturas muito maiores do que as que deixaram. Hoje são “líderes de sucesso”. Não poderia acontecer outra coisa, afinal, como eles próprios criaram a estrutura, fizeram questão de criar algo tão grande que coubesse todo o seu ego dentro.

Se o seu ego não cabe na Igreja a que você pertence, saia dela. Crie uma igreja para você com uma estrutura que acomode confortavelmente o seu ego. Coloque um nome pomposo, escreva livros, venda DVDs de pregação, crie um programa de TV e anuncie a todos a sua “visão”. Mas se você acredita que a Igreja é de Cristo, que a visão é dele e que Cristo e a sua Igreja são maiores do que você, guarde o seu ego, ou melhor, mortifique o seu ego e permaneça na sua Igreja lutando pelo evangelho. Ainda que você veja algo na sua igreja que esteja em desacordo com as Escrituras, permaneça nela, apontando os erros e buscando o retorno ao caminho correto. A alternativa de sair da Igreja só é uma justificativa para aqueles cujo ego não cabe nela.

Agnaldo Silva Mariano

quinta-feira, 20 de maio de 2010

QUE “VERDADES” MOVEM OS NOSSOS JOVENS?

A revista Veja publicou na última semana uma reportagem com o título: “A geração tolerância”. O texto de oito páginas, assinado pelos jornalistas Sílvia Rogar e Marcelo Bortoloti, trouxe depoimentos e trechos da história de jovens e adolescentes brasileiros que assumiram cedo a homossexualidade, tornando-se “o retrato de uma geração” para a qual, de acordo com a matéria, “nunca foi tão natural ser diferente”.

Na edição desta semana, Veja trouxe opiniões de vários leitores sobre as diversas reportagens publicadas na edição anterior. Dos vinte comentários publicados, sete eram a respeito da reportagem sobre os jovens homossexuais. Duas coisas chamaram a minha atenção nos comentários: a primeira foi o fato de não ter sido publicado nenhum comentário com parecer contrário ao que a revista claramente defendeu na reportagem em questão. Isto leva a alguns questionamentos: Será mesmo possível que em meio aos muitos comentários recebidos pela editora a respeito do tema, nenhum sequer se manifestava contrário ao texto publicado? Será mesmo que todos os leitores da revista pensam exatamente como a publicação? É no mínimo estranho que diante de um tema tão polêmico a revista Veja tenha alcançado tão notória unanimidade, não acham?

Outro fato interessante foi o comentário de um leitor de Florianópolis que escreveu o seguinte a respeito da matéria: “Os jovens devem acreditar não nas ‘lições’ que lhes são impostas, mas sim na verdade que os move”. Fiquei questionando: Que “lições” são estas que não devem ser acreditadas pelos jovens do nosso tempo? Que “verdade” é esta que move os nossos jovens?

Dá para perceber neste extrato do comentário do leitor de Veja o espírito que domina a nossa geração. Trata-se do espírito pós-moderno, que o escritor Stanley J. Grenz, em seu livro “Pós-modernismo. Um guia para entender a filosofia do nosso tempo” define com exímia propriedade: “O espírito pós-moderno resiste às explicações unificadas, abrangentes e universalmente válidas. Ele as substitui por um respeito pela diferença e pela celebração do local e do particular à custa do universal”.

Ao afirmar que os jovens não podem dar crédito às “lições que lhe são impostas” o leitor catarinense de Veja deixa claro que a juventude contemporânea precisa romper com todos os conceitos universais e absolutos ensinados e sustentados durante séculos, especialmente pelo Cristianismo. Não há por que se sujeitar a um único padrão, a uma única verdade. Ninguém pode determinar para os jovens contemporâneos o que é certo ou errado, bom ou mau, verdadeiro ou falso. Essas “lições” estão ultrapassadas. Os jovens precisam dar crédito apenas às suas próprias “verdades” ou, “à verdade que os move”.

Grenz afirma que “os pós-modernos crêem que não somente nossas crenças específicas, mas também nossa compreensão da própria verdade encontram-se enraizadas na comunidade da qual participamos. Rejeitam a procura do Iluminismo pela verdade universal, supracultural e eterna e valorizam a busca da verdade como expressão de uma comunidade humana específica. Segundo os pós-modernos, a verdade consiste nas regras básicas que facilitam o bem-estar pessoal na comunidade e o bem-estar da comunidade como um todo”. Por isso é possível falar em “verdade que move o jovem”, ou em “verdades” que movem outras comunidades específicas. O espírito pós-moderno é assim: há uma “verdade” específica que move cada grupo de seres humanos. A verdade passa a ser uma questão de conveniência comunitária, seja ela social, cultural, religiosa ou moral. Não há uma verdade absoluta, e sim, verdades alternativas e convenientes. Nas palavras de Grenz: “Neste sentido, portanto, a verdade pós-moderna tem a ver com a comunidade de que participa o indivíduo. Uma vez que são muitas as comunidades humanas, necessariamente serão muitas as diferentes verdades”.

Que “verdades”, então, movem os jovens do nosso tempo? Embora o leitor de Veja não especifique, fica claro que essas supostas “verdades” são o gosto, a opinião, o prazer, a satisfação de um grupo em detrimento de um todo. São “verdades” definidas pelos seres humanos e sempre de acordo com suas preferências e sensações. São “verdades” independentes de um padrão unificador. Não há uma regra capaz de medir, julgar ou criticar essas “verdades” múltiplas. Assim, o espectro pós-moderno paira sobre nossa juventude, entregando-a ao controle de suas próprias conveniências. Nada poderia ser mais caótico. Nada poderia ser mais desesperador.

Longe de libertar a nossa juventude, o espírito pós-moderno a aprisiona em um mundo cruel e insano, onde cada um passa a fazer o que parece mais correto aos seus próprios olhos. Um mundo confuso, desordenado, onde os jovens, hedonistas e insaciáveis decompõem-se sob os efeitos da disposição mental reprovável à qual foram entregues por seu desprezo a Deus.

As “verdades” que movem a nossa juventude estão longe da singular e libertadora verdade operada pelo Evangelho. Estão totalmente distantes da Verdade Absoluta encarnada no Filho de Deus. As “verdades” que movem os nossos jovens lhes afastam do seu Criador e entregam sua guarda ao pai da mentira e seu destino ao sofrimento eterno. Ao contrário do que disse aquele leitor de Veja, não são “verdades” que movem os nossos jovens. São mentiras, são enganos fatais. São fraudes que têm conduzido muitos de nossos jovens ao desespero, à bancarrota moral e ao inferno. São falácias que prometem a felicidade longe da santidade, o amor longe da verdadeira fé e a vida longe da cruz.

Há uma única verdade capaz de conduzir a juventude do nosso tempo a um destino de bem-aventurança e paz. E essa verdade só pode ser encontrada no evangelho da cruz. Essa lição, longe de ser abandonada pela nossa juventude, deve ser urgentemente aprendida e crida para que nossos jovens encontrem a libertação do jugo que o espírito deste século lhes impôs. Assim disse Jesus: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8. 32).

terça-feira, 11 de maio de 2010

DEUS NÃO É O DUNGA.

Hoje é dia de convocação da seleção brasileira. A nação inteira está expectante. Convocação da seleção brasileira é assunto de interesse nacional. É tema para discussões, debates e especulações entre intelectuais, analfabetos, anônimos e famosos. Todos querem saber quem o técnico vai escolher para estar no privilegiado grupo que vai disputar a próxima Copa do Mundo. Eu também, é claro, quero saber quem estará na lista do Dunga. Mas para saber eu vou ter que esperar até a hora da convocação.

Os jogadores também não sabem se vão ou não à Copa do Mundo. Quem decide isto é o Dunga. Embora haja inúmeros jogadores brasileiros com grandes qualidades espalhados por várias equipes, seja no Brasil ou no exterior, a lista do Dunga é limitada. Apenas 23 terão a honra de vestir a camisa amarela na mais importante competição do futebol mundial.

Imagino que o Dunga gostaria de poder escolher mais que 23 jogadores. Ele sabe que corre um grande risco de deixar de fora grandes talentos e levar jogadores que não renderão o que ele esperava. Ele corre o risco de ser criticado por suas escolhas. E todos sabem que as escolhas que o técnico da seleção brasileira fizer nunca serão esquecidas, para o seu bem ou para a sua execração eterna.

Por mais que tente justificar-se, Dunga fará suas escolhas baseado em um único e suficiente critério: o mérito. Dunga escolhe seus jogadores pelos méritos deles. Ninguém vai a uma Copa do Mundo por simples bondade do técnico, mas por suas qualidades pessoais como jogador. Dunga tem a missão de escolher os melhores entre os melhores. Por isso o nome “seleção”.

Os méritos pessoais podem servir para levar alguém para uma Copa do Mundo, mas não podem levar ninguém para o Céu. Deus não é o Dunga. Deus não faz seleção. Deus não está sentado em uma sala selecionando os melhores entre os melhores, nem mesmo os melhores entre os piores. Deus não seleciona. Deus elege.

A eleição não tem a ver com méritos pessoais. Ninguém é salvo por ser bom. Aliás, de acordo com as Escrituras, “Não há um justo sequer, não há quem faça o bem” (Rm 2. 10 a 12). Davi também diz: “Do céu olha o Senhor para os filhos dos homens, para ver se há quem entenda, se há quem busque a Deus. Todos se extraviaram e juntamente se corromperam; não há quem faça o bem, não há nenhum sequer” (Sl 14. 2 e 3). O pecado reduziu o ser humano a um estado de miséria e corrupção, sujeitando toda a raça humana à mesma condição, pois, “todos pecaram” (Rm 3. 23). Assim, “todo gênero humano pela sua queda perdeu comunhão com Deus, está debaixo da sua ira e maldição, e assim sujeito a todas as misérias nesta vida e ás penas do Inferno para sempre” (Breve Catecismo de Westminster, pergunta 19).

Se Deus quisesse fazer uma seleção para a Salvação, baseada em méritos pessoais, ninguém poderia ser salvo. Se Deus fosse selecionar os melhores, o céu estaria vazio. Se Jesus viesse à terra morrer apenas pelos bons, ele morreria em vão. Não há ninguém que seja digno da Salvação. Não há ninguém que seja bom. Não há ninguém que mereça ser salvo. Salvação não é uma seleção meritória, mas eleição soberana. “Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia. Logo, tem ele misericórdia de quem quer” (Rm 9. 16 e 18).

Quando o Dunga anunciar os seus escolhidos, certamente ele terá que justificar as suas preferências. Haverá um batalhão de repórteres e uma nação inteira aguardando as explicações e justificativas. Haverá ainda dezenas de jogadores questionando o fato de não terem sido escolhidos, apesar de suas qualidades. Dunga terá de dar muitas explicações, será chamado de injusto, incoerente e incompetente. Mas Deus não é o Dunga. Deus não tem que dar explicações aos não eleitos, a não ser que os seus próprios pecados os condenarão ao inferno. Deus não pode ser questionado por sua eleição. Deus não é injusto por eleger uns e outros não. A eleição é um ato da graça de Deus. Ela é incondicional. É livre. É soberana. É justa. Assim resumiu o apóstolo Paulo: “Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum! Pois ele diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de que me aprouver ter compaixão” (Rm 9. 14 e 15). Deus não é o Dunga, por isso eu creio muito mais na eleição do que na Seleção.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

NEM "GOSPEL" NEM "DO MUNDO". EU PREFIRO MÚSICA BOA.

Já fui questionado várias vezes se é correto o crente ouvir música não-cristã, ou, no evangeliquês, “música do mundo”. Perguntado eu me lembro que já fui, mas, sinceramente, eu não me lembro se já respondi esses questionamentos, e nem como respondi. Na verdade, é uma tristeza responder esse tipo de questionamento. Os crentes deveriam ser mais maduros espiritualmente para saber o que fazer de suas próprias vidas, de acordo com as Escrituras, não ficar o tempo todo procurando no pastor respostas prontas para determinar o rumo de suas existências. Há muitas pessoas que fazem esse tipo de pergunta ao pastor simplesmente porque não querem pensar. Aí vão amolar o pastor para que ele pense por elas.

Ninguém nunca me questionou sobre que tipo de música eu ouço. Se questionassem eu teria uma resposta mais fácil. Bom, primeiramente eu preciso dizer que eu ouço pouquíssimas músicas. A maior parte delas é cristã; ou evangélica, como queiram; ou gospel, vá, lá. Mas eu também ouço músicas não-cristãs; ou seculares, como querem outros; ou “do mundo”. Sim, ouço poucas, mas ouço. A realidade é que eu não tenho muita paciência para sentar e ouvir música. Ouço quando estou no carro ou, de vez em quando, no computador. Mas não sou muito disciplinado em relação a isto. O que ouço? Eu já disse. Ouço música evangélica e música não-evangélica também.

Eu não perco tempo separando o que é gospel do que é, na linguagem simplória do gueto evangélico, “mundano”. Prefiro outro tipo de critério: prefiro separar o que é bom (de acordo com o meu gosto) do que é ruim (também de acordo com o meu gosto). Música é questão de gosto. Há músicas evangélicas que são ruins, e há músicas não evangélicas que são boas, e vice-versa. Então prefiro ouvir o que é bom, independente de ser evangélico ou não. Mas o gosto é meu. O que eu considero bom talvez não seja bom para outras pessoas. Da mesma forma, o que eu considero ruim pode não ser ruim para outros. Não há padrão absoluto que defina o gosto; portanto, não pode haver regra absoluta que determine esta questão. Isto depende de cada um.

O problema é que nós nos acostumamos com a cultura de que tudo que é evangélico é bom, e o que não é evangélico é ruim. Este é o critério último para muitas pessoas escolherem a música, a lanchonete, a padaria, o livro e até o candidato a vereador, a prefeito, etc. Sinceramente, acho esse critério de uma pobreza sem tamanho. Isso fortalece uma cultura de gueto que muitos evangélicos vivem. Há quem pense que os evangélicos devem comprar somente dos comerciantes evangélicos, ler apenas literaturas evangélicas, votar somente em evangélicos, e por aí vai. É como se Deus fosse Deus apenas dos evangélicos e reinasse apenas nas igrejas evangélicas. Não! Deus é Senhor do mundo inteiro e reina em toda a terra. É assim que o povo de Deus cria e cantava: “Ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam” (Salmo 24. 1). Deus é Senhor de tudo e de todos; ele reina sobre toda a terra e seus moradores. Não há nenhum centímetro de terra em todo este planeta que Deus não seja o Senhor dele. Essa cultura de gueto é uma visão míope da glória e da majestade de Deus.

Nem tudo o que os crentes fazem é bom. Na verdade, o ideal seria que a música cristã, as artes e outras manifestações culturais produzidas por cristãos fosse um primor de qualidade, pois Deus dá dons aos seus servos para isto. Mas nem sempre é assim. Boa parte das vezes é tudo mal feito, improvisado, esculhambado. E isto tudo com a desculpa esfarrapada de que é “para a glória de Deus”. Ora, se é para a glória de Deus deveria ser o melhor, não? Outras vezes, quando é feito com certa qualidade é para a glória de quem produziu, de quem cantou; e, então, vira esse desfile de vaidade que a gente vê por aí. Chego a ficar nauseado ao ouvir expressões como “artista gospel”, “fã-clube gospel”, “show gospel”. Se é para a glória de Deus por que há tanto culto às personalidades gospel?

Minha preferência é por boa música. Se a música boa for evangélica, eu ouço; mas se não for evangélica, eu ouço sem o menor sentimento de estar pecando contra Deus. Não faço deste meu critério uma palavra última nesta questão, nem quero que todos pensem assim. Isto é pessoal. Afinal, gosto não se discute, como se diz por aí. Sendo assim, deixem-me continuar encantado com a “Aquarela” de Toquinho e com “Expressão de Louvor” do Logos na mesma harmonia e paz de espírito.