quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

CRISTO, MAIS NADA

Por John MacArthur

Devemos nos agarrar à suficiência de Cristo — nunca acrescentando a ela, nem retirando dela. Todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos nEle (Colossenses 2.3). Toda a plenitude da Divindade habita corporalmente nEle (2.9). Temos sido aperfeiçoados nEle (2.10). E nada jamais nos pode separar dEle (Romanos 8.35-39). Do que mais necessitamos?

Há alguns anos, fui convidado para apresentar o evangelho a um grupo de atores e atrizes num hotel em Hollywood. Aquele era um ambiente estranho para mim, mas estava grato pela oportunidade de apresentar Cristo para eles. Falei por mais ou menos quarenta e cinco minutos, e depois desafiei as pessoas a confiarem em Cristo para a salvação.

Logo após, um jovem veio a mim e me apertou a mão. Ele era um belo e jovem ator da índia, que viera a Hollywood em busca do estrelato. Ele me disse: "Seu discurso foi fascinante e constrangedor. Eu quero Jesus Cristo na minha vida". Fiquei entusiasmado e sugeri que fôssemos a uma sala ao lado, onde teríamos privacidade para conversar e orar.
Caminhamos para lá e sentamo-nos. Depois ele disse: "Eu sou um islamita. Tenho sido islamita por toda a minha vida. Agora eu quero ter a Cristo". Eu estava um pouco perplexo, pois nunca levara um islamita a Cristo e não esperava que um deles fosse responder tão facilmente ao evangelho. Eu expliquei em mais detalhes o que significava abrir o coração para Cristo, então sugeri que orássemos juntos.
Quando nos ajoelhamos, ele convidou Jesus para entrar em sua vida. Depois eu orei por ele e nos levantamos. Eu estava feliz; ele estava sorrindo e apertou minha mão com firmeza. Mas, então, ele fez uma declaração trágica e reveladora: "Não é maravilhoso? Agora eu tenho duas religiões: cristianismo e islamismo".
Entristecido por causa do óbvio engano dele a respeito do evangelho, eu cuidadosamente expliquei para ele que o cristianismo não funciona assim. Jesus não é alguém que simplesmente podemos acrescentar a qualquer outra religião a qual já seguimos. Deve-se dar as costas para o erro e abraçar a Cristo como único Senhor (1 Tessalonicenses 1.9). Jesus mesmo disse: "Ninguém pode servir a dois senhores" (Mateus 6.24). Você desiste de todos os outros mestres para ganhar a Cristo, que é a pérola de grande valor (13.44-46). Ele recebe a sua vida integralmente e você O recebe plenamente (16.24-26).
 
Mas, como o jovem rico que rejeitou a Cristo para se apegar às suas riquezas (Lucas 18.18-23), aquele jovem ator não estava disposto a trocar sua falsa religião pelo Único que poderia salvar-lhe a alma. Ele se foi sem Cristo.

Você está descansando e confiando na suficiência de Cristo? Cristo é tudo para você? Se é, agradeça-lhe por sua plenitude. Se não, talvez você esteja confiando na falha, enganosa e inepta sabedoria humana; em rituais religiosos sem significação; ou em algum tipo de experiência mística criada em sua própria mente e sem relação com a realidade. Talvez você tenha pensado que sua própria auto-renúncia ou o sofrimento que você impôs a si mesmo de algum modo irá ganhar o favor de Deus. Se esse é o caso, ponha tudo isso de lado e com simples fé, como de uma criança, abrace o Cristo ressurreto como seu Senhor e Salvador. Ele lhe dará completa salvação, completo perdão e completa vitória. Tudo que você necessita na dimensão espiritual, no presente e na eternidade, se encontra nEle. Arrependa-se de seu pecado e submeta a Ele a sua vida!

John MacArthur, em: "Nossa suficiência em Cristo", editora Fiel.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

JUSTIÇA OU VINGANÇA? É NECESSÁRIO QUE SE FAÇA A DIFERENÇA

Muammar Kadafi, um senhor de quase 70 anos, era um coronel que passou 42 anos no poder na Líbia, um país com pouco mais de 6 milhões de habitantes, que fica ao norte da África. Sua ascensão à condição de chefe da nação Líbia aconteceu em 1969, quando tinha 27 anos, e o coronel se tornou o líder com maior tempo no poder em todo o chamado mundo árabe.

No início deste ano estourou na Líbia uma onda de protestos contra o regime de Muammar Kadafi que obrigou o ditador a se afastar do poder e refugiar-se após os rebeldes ocuparem a capital do país. Daí em diante o que se seguiu foi uma caçada insana a Muammar Kadafi e a seus parentes e aliados, que culminou com a sua morte  na data de 20 de outubro de 2011.

É certo que Muammar Kadafi não era nenhum santo. Aliás, que ditador poderia ser considerado um santo? Todos são iguais, seja na vaidade, no orgulho, na prepotência ou, na maioria das vezes, na crueldade. Ditadores são, em geral, responsáveis por atrocidades inimagináveis. Kadafi, por exemplo, assumiu a autoria de um atentado contra um avião da companhia aérea PanAm em 1988, que matou 270 pessoas. Foi também acusado pelo Tribunal Penal Internacional por crimes contra a humanidade, tortura e crueldade. A Anistia Internacional também acusou Kadafi por violações contra os direitos humanos, torturas, desaparecimentos e assassinatos de rebeldes.

O ex-presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan chamava Muammar Kadafi de “aquele cachorro louco do Oriente Médio”. Como tal, na concepção de Reagan e de muitos outros, como, por exemplo, as cinco enfermeiras búlgaras que passaram oito anos presas na Líbia, Kadafi teve o que mereceu. Uma das cinco enfermeiras disse, ao saber da morte do ex-ditador: “A notícia me deixou muito feliz. É uma punição. Um cachorro como ele merecia morrer como um cachorro".

As cenas da prisão e execução de Muammar Kadafi chocaram alguns e alegraram outros tantos pelo mundo a fora. Mas o mais impressionante que eu vi naquelas cenas foi a barbárie de que os homens são capazes quando deixados livres para exercer o que chamam de justiça própria. Assim como ocorreu com o anúncio da morte de Saddan Russein e Osama Bin Laden, o desejo de vingança confundiu-se com o anseio de justiça e um erro foi cometido para justificar outros erros.

O dicionário Aurélio define Justiça como: “Conformidade com o direito; a virtude de dar a cada um aquilo que é seu; a faculdade de julgar segundo o direito e melhor consciência”. Já a definição de vingança é: “Ato ou efeito de vingar (-se); desforço; desforra; vindita; punição, castigo”. São duas coisas bem diferentes, como se pode ver.

A justiça tem um valor universal. Ela é regida por alicerces, etiquetas e protocolos que, necessariamente, estão ligados a direitos universais. Quando a justiça é acionada, isto significa que um direito universal foi supostamente violado. Para garantir a recuperação do direito violado, a justiça precisa resguardar e manter os demais direitos, ainda que neste processo ela precise se manifestar em forma de punição. É nesse equilíbrio que a justiça se fundamenta.

Já a vingança não se fundamenta em valores universais nem tem um padrão objetivo como referência. A vingança é subjetiva, é abstrata; é um desejo, e para os desejos não há padrões nem ética que possam regê-los. O fundamento da vingança é a vontade pessoal e seu objetivo final é satisfação individual.


Justiça é, antes de tudo, fazer o que é correto, seguindo um padrão externo e absoluto. Vingança é fazer o que se acha correto, de acordo com um padrão pessoal, subjetivo e aleatório. Fazer justiça é competência daqueles que a sociedade qualificou para tal. Vingança é fazer “justiça com as próprias mãos” e, como tal, é uma transgressão, é uma usurpação de poder, é uma perversão. Nada tem a ver com o “olho por olho, dente por dente” visto na Bíblia.

O “olho por olho, dente por dente” nunca foi uma autorização para que qualquer pessoa, instituição ou nação indiscriminadamente se sentisse no direito de resolver à própria maneira as pendências com os seus contrários. Não era uma autorização à barbárie nem uma legitimação do direito de se fazer “justiça com as próprias mãos”, mas uma solene regulamentação, baseada em direitos e deveres absolutos, compartilhados pela sociedade israelita da antiga aliança, que somente poderia ser aplicada após um rito legítimo de apreciação e julgamento. Mesmo quando o povo de Deus se levantava contra seus inimigos e os punia, a mão que os feria era a mão da justiça divina, não o desejo próprio da nação de Israel.

Muammar Kadafi não era um exemplo de bondade e misericórdia para com seus desafetos, é bem verdade. Sua deposição da condição de chefe de Estado foi um marco e sua prisão era necessária por causa dos crimes que cometeu. Mas creio que nada justifica a selvageria que culminou com sua morte. A máxima do “com efeito, um erro não justifica o outro” se aplica perfeitamente aqui. Ainda que coroados pela sensação de dever cumprido e legitimados pelo alívio nacional e pela conivência internacional, os rebeldes líbios não fizeram justiça. Fizeram vingança. Os crimes de Kadafi não foram punidos, pois ele não foi corretamente julgado e sentenciado por um tribunal legítimo. E as nações que consentiram com a forma brutal como ele foi morto são cúmplices com esse descaso para com a ética e os direitos universais, tanto quanto os aliados de Kadafi o eram com suas loucuras e atrocidades. Ao fazer justiça com as próprias mãos, o povo líbio não puniu um criminoso, mas suscitou um mártir. O que era ruim pode ter ficado pior.

Alguém disse que “A justiça é a vingança do homem em sociedade, como a vingança é a justiça do homem em estado selvagem”. Fazer a diferenciação entre justiça e vingança não é apenas tarefa do dicionário. É tarefa da sociedade civilizada, a fim de que o caos não triunfe, para que os direitos universais não sejam vilipendiados, e o mundo não se torne uma selva.

Agnaldo Silva Mariano

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

NADA MAIS DO QUE AQUILO QUE DEUS ACHOU POR BEM REVELAR

Não precisamos de nada mais do que aquilo que Deus achou por bem revelar. Certos espíritos errantes nunca estão em casa até que estejam viajando pelo exterior: têm fome de algo que nunca encontrarão "no céu, na terra, ou nas águas debaixo da terra" (Êx 20.4) enquanto tiverem o pensamento que têm agora. Nunca descansam, porque não querem ter nada que ver com uma revelação infalível, por isso, eles estão fadados a perambular através do tempo e da eternidade e a não encontrar nenhuma cidade em que possam descansar. Pois, no momento, eles se gloriam como se satisfeitos com seu último brinquedo novo, mas em poucos meses o esporte deles será quebrar em pedaços todas as noções que anteriormente prepararam com cuidado e exibiram com deleite. Sobem um morro apenas para descê-lo de novo. De fato, dizem que a busca da verdade é melhor do que a própria verdade. Gostam de pescar mais do que do peixe; o que pode bem ser verdade, visto que seus peixes são muito pequenos e cheios de ossos.

Esses homens são tão profícuos em destruir suas teorias, como certos indigentes em esfarrapar suas roupas. Mais uma vez começam de novo, vezes sem conta; sua casa está sempre com os alicerces expostos. Devem ser bons em inícios, pois desde que os conhecemos sempre estão começando. São como aquilo que roda no redemoinho, ou "como o mar agitado, incapaz de sossegar e cujas águas expelem lama e lodo" (Is 57.20). Embora sua nuvem não seja aquela que indica a presença divina, contudo está sempre andando à frente deles e suas tendas nem estão bem armadas e já é tempo de levantar de novo as estacas. Esses homens nem mesmo procuram certeza; seu céu é evitar toda verdade fixa e seguir toda quimera de especulação; estão sempre aprendendo, mas nunca chegam ao conhecimento da verdade.

Quanto a nós, lançamos âncora no abrigo da Palavra de Deus. Eis aí nossa paz, nossa força, nossa vida, nosso motivo, nossa esperança, nossa felicidade. A Palavra de Deus é nosso ultimato. Aqui nós o temos. Nosso entendimento clama: "Encontrei"; nossa consciência afirma que aqui está a verdade; e nosso coração encontra aqui um suporte ao qual toda sua afeição pode se agarrar e, por isso, descansamos contentes.

Charles Haddon Spurgeon - Do livro: "Preparado para o combate da fé".

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

PERSEGUIÇÃO DA FÉ DOS OUTROS É REFRESCO OU INCENTIVO?

Há algumas semanas recebi um e-mail do Rev. Osni Ferreira, missionário Presbiteriano, informando sobre a situação do pastor Youcef Nadarkhani, preso no Irã e condenado à morte por abandonar o islamismo e se converter à fé cristã. Desde então, tenho levado informações referentes ao pastor Youcef à igreja e convocado os irmãos a orar em favor daquele pastor. No Brasil inteiro, várias igrejas se mobilizaram em oração, e ao redor do mundo, houve uma grande pressão em favor da libertação do pastor e da suspensão da pena de morte.

Na última semana, um novo e-mail que recebi do Rev. Osni informava a respeito da suspensão da pena de execução. A reação não poderia ser outra a não ser de alívio e gratidão a Deus pelo livramento concedido ao seu servo.

Ficou claro pelas informações repassadas a respeito do caso do pastor Youcef que ele não abriria mão da sua fé em hipótese alguma. O risco de ser executado não foi suficiente para fazê-lo abandonar a sua crença em Cristo. Sua firmeza e coragem serviram de exemplo a crentes do mundo inteiro, trazendo à memória as lembranças de outros grandes servos de Deus que não se intimidaram com ameaças e mantiveram firmes a esperança da vida eterna. Alguns desses servos acabaram mortos, e entraram para a galeria dos mártires e seu sangue, como afirmou Tertuliano, se tornou “a semente de novos cristãos”.

No entanto, há algo mais a ser considerado a respeito da situação do pastor Youcef Nadarkhani. A comoção de muitos crentes brasileiros, infelizmente, não significará nada daqui a alguns meses. Quando a poeira baixar, quando os noticiários e informações pela internet diminuírem, e o nome Youcef Nadarkhani desaparecer da chamada “memória declarativa” dos nossos crentes, pouca diferença terá feito toda a comoção hodierna em torno do fato.

A grande verdade é que é muito fácil ficarmos comovidos com a perseguição de crentes que estão distantes de nós, sofrendo torturas ou ameaças de morte em países muçulmanos ou comunistas. É fácil incentivar vigílias de oração, promover passeatas e outras mobilizações virtuais, e até mesmo elogiar a fé de quem está a milhares de quilômetros padecendo por ser crente. Difícil é entender que a situação de homens como Youcef Nadarkhani não é extraordinária no contexto cristão. Na verdade é o padrão, a regra, não a exceção para os que se declaram verdadeiros servos de Cristo e querem viver de maneira relevante a sua fé.

O apóstolo Paulo afirmou: “Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus, serão perseguidos” (2 Tm 3. 12). Estaria o apóstolo se referindo apenas à sua época ou especificamente a contextos de perseguição oficial ao cristianismo? Ou seria este um princípio universal e atemporal?

É preciso entender que Paulo não se refere apenas às perseguições armadas e ameaças evidentes de morte. O apóstolo tem em mente todo tipo de desafio imposto àqueles que desejam viver piedosamente. Estes, nas palavras de William Hendriksen, são os que “fizeram uma resolução séria, com a ajuda e a graça de Deus, de viver uma vida de devoção a Cristo. Eles vivem em íntima comunhão com ele”. Hendriksen ainda diz que “a experiência de Paulo não é, de nenhum modo, peculiar. As cicatrizes são o preço que todo crente paga por sua lealdade a Cristo. Estas são também suas credenciais diante de Deus”. Portanto, ser perseguido por causa da fé em Cristo é a regra, não a exceção para os verdadeiros crentes.

As perseguições contra a fé cristã podem ser de diversas naturezas. No caso do pastor Youcef é de natureza governamental e religiosa. Mas há ainda as perseguições ideológicas, culturais, morais e tantas outras que qualquer crente piedoso pode sofrer em qualquer lugar do mundo, inclusive no Brasil, que é considerado um país livre. João Calvino diz que “Satanás possui mais de um método de perseguir os servos de Cristo. Mas é absolutamente necessário que todos eles suportem a hostilidade do mundo, de um modo ou de outro, a fim de que sua fé se exercite e sua constância se comprove. Satanás, que é o perpétuo inimigo de Cristo, jamais deixará que alguém viva sua vida sem algum distúrbio, e haverá sempre pessoas perversas a espinhar nossas ilhargas. De fato, tão pronto um crente mostre sinais de zelo por Deus, a ira de todos os ímpios se acende e, mesmo que não tenham suas espadas desembainhadas, arrojam seu veneno, ou criticando, ou caluniando, ou provocando distúrbio de um ou de outro modo”.

Elogiar a firmeza do pastor Youcef Nadarkhani é muito fácil. Orar por ele também é. Mas precisamos ir além dessa comoção momentânea e compreender os desafios que temos como crentes em nosso país, em nossas cidades, em nossos próprios contextos. É preciso entender que a mesma fidelidade demonstrada pelo pastor Youcef diante dos tribunais iranianos se espera de nós, crentes brasileiros, diante das pressões da cultura pecaminosa em que vivemos, diante das pressões do pluralismo religioso, do liberalismo teológico, do relativismo cultural, da tolerância à imoralidade, do convite à corrupção, entre outras ameaças tão graves quanto as sofridas pelo pastor iraniano. É urgente que entendamos o que Paulo disse a Timóteo, que todos que quiserem viver piedosamente em Cristo, seja onde e quando for, estarão sujeitos a sofrer perseguições. “Ainda que não sofram os mesmos ataques e não se envolvam nas mesmas batalhas, eles têm uma só guerra em comum e jamais viverão totalmente em paz isentos de perseguição”, diz Calvino.

A perseguição da fé de homens como Youcef Nadarkhani pode ser um bom refresco para crentes displicentes e despreocupados com a qualidade do seu compromisso com Cristo. Mas será um poderoso combustível aos que desejam levar a sua experiência com Deus a sério, e um incentivo a se tornarem ainda mais fervorosos. Afinal, se a perseguição é “um ingrediente inescapável da vocação cristã”, como afirmou o comentarista bíblico John Kelly, nenhum verdadeiro crente deveria se considerar isento de sofrê-la, a qualquer momento e em qualquer lugar.

Agnaldo Silva Mariano

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

PASTOR YOUSEF NÃO SERÁ EXECUTADO

Por: Rev. Osni Ferreira, missionário Presbiteriano

O governo Iraniano divulgou hoje (sexta-feira - 14/10/2011), que o Pr Yousef não corre mais risco de ser executado. Eles atacaram a mídia por dar muita repercussão ao caso. Segundo o laudo divulgado pelo governo Iraniano, as acusações direcionadas ao pastor não são suficientes para a execução. Uma nova audiência será marcada e o Pr Yousef será ouvido novamente, mas sem correr o perigo de ser executado, afirmam as autoridades do país. Vamos juntos louvar a Deus por esse livramento, mas continuemos com nossas orações em favor dessa nova audiência. Agradecemos suas intercessões em favor desse amado irmão nosso.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

27ª CONFERÊNCIA FIEL PARA PASTORES E LÍDERES

Para aqueles que, como eu, não puderam ir a Águas de Lindóia assistir à Conferência Fiel para Pastores e Líderes, segue o link para assistir às palestras ao vivo. O tema da Conferência deste ano é: "Evangelização & Missões - Proclamando o Evangelho para a Alegria das Nações". Uma imensa  riqueza biblica e teológica disponível aos que se interessam pela boa exposição da Palavra de Deus.

O link para assistir às palestras online é: http://www.editorafiel.com.br/aovivo/.  Boa conferência a todos.

Programação:




quarta-feira, 28 de setembro de 2011

QUÃO RADICAL É A CRUZ!

Por A. W. Tozer

A cruz de Cristo é a coisa mais revolucionária que já apareceu entre os homens!


Depois que Cristo ressurgiu dos mortos, os apóstolos saíram a pregar a Sua mensagem, e o que pregaram foi a cruz. E por onde quer que fossem pelo mundo, levavam a cruz, e o mesmo poder revolucionário ia com eles. A mensagem radical da cruz transformou Saulo de Tarso e o mudou de perseguidor dos cristãos em um terno crente e um apóstolo da fé. Seu poder mudou homens maus em bons. Sacudiu a longa escravidão do paganismo e alterou completa­mente toda a perspectiva moral e mental do mundo ocidental.

Fez tudo isso, e continuou a fazê-lo enquanto se lhe permitiu permanecer como fora originalmente, uma cruz. Seu poder se foi quando foi mudado de uma coisa de morte para uma coisa de beleza. Quando os homens fizeram dela um símbolo, penduraram-na nos seus pescoços como ornamento ou fizeram o seu contorno diante dos seus rostos como um sinal mágico para protegê-los do mal, então ela veio a ser, na sua melhor expressão, um fraco emblema, e na pior, um inegável feitiço. Como tal, é hoje reverenciada por milhões que não sabem absolutamente nada do seu poder.

A cruz atinge os seus fins destruindo o modelo estabelecido, o da vítima, e criando outro modelo, o seu próprio. Assim, ela tem sempre o seu método. Vence derrotando o seu oponente e lhe impondo a sua vontade. Domina sempre. Nunca se compromete, nunca faz barganhas, nunca faz concessão, nunca cede um ponto por amor ­da paz. Não se preocupa com a paz; preocupa-se em dar fim à sua oposição tão depressa quanto possível.

Com perfeito conhecimento disso tudo, Cristo disse: "Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me." Assim a cruz não só põe fim à vida de Cristo; termina também a primeira vida, a velha vida de cada um dos Seus seguidores verda­deiros. Ela destrói o velho modelo, o modelo de Adão, na vida do crente, e lhe dá fim. Então o Deus que levantou a Cristo dos mor­tos levanta o crente, e uma nova vida começa.

Isto, e nada menos que isto, é o cristianismo verdadeiro, em­bora não possamos senão reconhecer a aguda divergência que há entre esta concepção e a sustentada pelo tipo comum de cristãos conservadores hoje. Mas não ousamos qualificar a nossa posição. A cruz ergue-se muito acima das opiniões dos homens e a essa cruz todas as opiniões terão que vir afinal para julgamento. Uma lide­rança superficial e mundana gostaria de modificar a cruz para agra­dar os religiosos maníacos por entretenimento que querem divertir-se até mesmo dentro do santuário; fazê-lo, porém, é cortejar a tragédia espiritual e arriscar-se à ira do Cordeiro feito Leão.

Temos que fazer alguma coisa quanto à cruz, e só podemos fazer uma destas duas: fugir ou morrer nela. E se formos tão teme­rários que fujamos, com esse ato estaremos pondo fora a fé vivida por nossos pais e faremos do cristianismo uma coisa diferente do que é. Neste caso, teremos deixado somente o vazio linguajar da salvação; o poder se irá juntamente com a nossa partida para longe da verdadeira cruz.

Se somos sábios, faremos o que Jesus fez: suportaremos a cruz e desprezaremos a sua vergonha pela alegria que está posta diante de nós. Fazer isso é submeter todo o esquema da nossa vida, para ser destruído e reconstruído no poder de uma vida que não se acabará mais. E veremos que é mais que poesia, mais que doce hinologia e elevado sentimento. A cruz cortará fundo as nossas vidas onde fere mais, não nos poupando nem a nós mesmos nem as nossas reputações cultivadas. Ela nos derrotará e porá fim às nossas vidas egoístas. Só então poderemos elevar-nos em plenitude de vida para estabelecer um padrão de vida totalmente novo, livre e cheio de boas obras.

A modificada atitude para com a cruz que vemos na ortodoxia moderna prova, não que Deus mudou, nem que Cristo afrouxou a Sua exigência de que levemos a cruz; em vez disto, significa que o cristianismo corrente desviou-se dos padrões do Novo Testamento. Para tão longe nos desviamos que nada menos que uma nova reforma restabelecerá a cruz em seu lugar certo na teologia e na vida da igreja.

sábado, 6 de agosto de 2011

INTEGRIDADE PASTORAL

Por David Fisher

O poder suscita grande capacidade de corrupção. A vida pastoral envolve autoridade. Os pastores têm o poder organizacional, pessoal, espiritual e financeiro — o poder da confiança, do ofício e das almas.

Abuso de poder é o mais básico de todos os males, e ele jaz no coração do fracasso pastoral. O antídoto é o fundamental valor cristão da submissão. Todo pastor necessita estar submisso não apenas a Deus, mas também à Igreja de Cristo. Um corpo dentro da congregação precisa zelar por nossas almas. As denominações deveriam gastar menos tempo tratando de assuntos organizacionais e mais tempo pastoreando os pastores. E muitos precisam fazer amizade com outros ministros de fora da congregação, a fim de que sejam auxiliados nas difíceis questões de suas vidas e sua fé. Por uma questão de integridade, nossas existências devem combinar com o Evangelho que proclamamos, exatamente como a vida interior da congre¬gação deve refletir o caráter de Cristo.

No passado, quando enfrentei pela primeira vez o muro da desilusão, lembrei-me de procurar nas obras de Paulo uma palavra que me encorajasse a enfrentar a montanha russa de minha vida, repleta de altos e baixos. Certamente não queria entregar o meu espírito ao cinismo e desenvol¬ver um coração amargo dentro de mim. Eu vira isso acontecer com outros companheiros de ministério, e isso me assustava. Voltei-me para as cartas aos coríntios, pois sabia que a experiência do apóstolo com eles era muito pior do que qualquer coisa que eu enfrentara. E, com cer¬teza, Paulo sentiu todos os altos e baixos que eu experi¬mentei. No capítulo 4 da primeira carta, depois de um longo discurso sobre o que significa o ministério apostóli¬co, ele diz que era injuriado, caluniado e perseguido. Considerava-se "o lixo deste mundo, e como a escória de todos" (v. 13). Meu diário nunca refletiu tal intensidade.

Paulo lidou bem com a sua própria desilusão. Ele disse: ''Quando somos injuriados, bendizemos; quando somos perseguidos, sofremos; quando somos difamados, conso¬lamos" (w.12,13). Aparentemente, o apóstolo era capaz de oferecer a outra face do rosto, quando estava sob o senhorio de Cristo. Sua submissão a Jesus estabeleceu um triunfo em seu coração. Seu remédio para a desilusão dos pastores e das igrejas é uma palavra adequada para o nos¬so tempo. Os ministros do Evangelho por vezes sentem-se traídos por sua educação no seminário, pelos oficiais da denominação e por suas congregações. Os leigos, jovens e velhos, sentem a traição por toda parte, até mesmo dentro da igreja.

A desilusão é uma oportunidade para a integridade. Outra dupla metáfora paulina ajudará os pastores de hoje na luta pela integridade. Paulo disse à igreja em Corinto que o considerasse e aos seus colegas ministros como "servos de Cristo, e mordomos dos mistérios de Deus" (1Co 4:1, minha paráfrase).

David Fisher em: "O Pastor do Século XXI" - Editora Vida.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

AMY WINEHOUSE E MINHA LEMBRANÇA DE ERASMO DE ROTERDÃ

Amy Winehouse morreu e foi cremada. Muito já se falou sobre sua vida desregrada e sobre sua morte precoce. Muita gente boa já escreveu bons textos a respeito da cantora inglesa encontrada morta no dia 23 de julho em Londres. Mas é difícil passar sem escrever algo a respeito dela. O Rev. Augustus Nicodemus Lopes escreveu um brilhante texto sobre Amy Winehouse no blog Tempora Mores, onde diz que “Aos 27 anos, Amy chegou ao fim de uma vida atribulada, marcada por escândalos, internações, sofrimento, fama, riquezas e popularidade”. Um fim previsível, diga-se de passagem.

A vida curta de Amy Winehouse parece ter sido vivida no anseio pela morte, como diz a canção Posmortem, da banda americana de thrash-metal Slayer: “O desejo pela morte é a sua razão de viver”. Outro trecho da canção diz: “Você quer morrer!!!”. Amy parecia querer mesmo. E conseguiu.

A morte anunciada de Amy Winehouse fez com que muitas pessoas se lembrassem de outros artistas que perderam a vida precocemente, vítimas de seus próprios abusos e exageros. Muitos se lembraram de Kurt Cobain, vocalista da banda americana Nirvana, morto em 1994; de Jimi Hendrix, morto em 1970; de Janis Joplin, também morta em 1970, entre outros artistas que perderam a vida precocemente, no auge da carreira, especialmente, por causa de abuso de drogas.

Ao tomar conhecimento da morte de Amy Winehouse, sinceramente, não me lembrei de nenhum desses artistas, até porque não conheço nenhuma das canções deles. Na verdade, me lembrei de Desiderius Erasmus Roterodamus, ou, simplesmente, Erasmo de Roterdã, teólogo neerlandês que viveu entre os séculos 15 e 16. Erasmo escreveu, entre outras obras, “O Elogio da Loucura”. Tive o prazer de ler esta obra há alguns anos e pude reviver parte da leitura nestes últimos dias. Principalmente para refletir sobre Amy Winehouse.

Amy Winehouse foi uma filha rebelde, uma jovem sem limites que desde os 17 anos já consumia drogas. Tornou-se viciada em álcool, foi presa várias vezes devido aos seus excessos, namorava um sujeito também viciado e dono de uma extensa ficha policial, e freqüentemente aparecia bêbada em seus shows; enfim, Amy Winehouse era um péssimo exemplo para qualquer jovem. Seu comportamento depravado deveria ser motivo para que as pessoas rejeitassem qualquer influência sua. Mas, ao contrário disto, Amy Winehouse acumulou fãs em todo o mundo e seu estilo de vida ditou moda e se tornou, para muitos, regra de conduta.

Erasmo de Roterdã morreu em 1536, aos 70 anos de idade. Viveu duas vezes e meia a vida de Amy Winehouse. O suficiente para questionar o por que de tantas pessoas aprovarem o que é reprovável, imitarem o que é vergonhoso e amarem o que deveria ser detestável. Em seu “Elogio da loucura”, Erasmo traduz um pouco da inquietação que a admiração que Amy Winehouse conquistou, a despeito de sua vida dissoluta, produz na mente de quem não quer se conformar a esses padrões distorcidos: “Quanto menos talento possuem, tanto mais orgulho, vaidade e arrogância têm. Todos esses loucos, entretanto, encontram outros loucos que os aplaudem, pois, quanto mais uma coisa contraria o bom senso, tanto maior o número de admiradores que atrai; o que existe de pior é sempre o que lisonjeia o maior número; e nada é mais natural, pois, como já vo-lo disse, a maior parte dos homens são loucos. Ora, visto que os artistas mais ignorantes estão sempre contentes com a sua pequenina pessoa e gozam da admiração do maior número, errariam, e muito, se se dessem a trabalhos enormes para adquirir verdadeiro talento o qual não serviria, afinal, senão para fazer desvanecer a vantajosa idéia que eles têm do seu próprio mérito, para torná-los mais modestos, para diminuir grandemente o número dos seus admiradores”.

Agnaldo Silva Mariano

quinta-feira, 28 de julho de 2011

CHAMADOS A OUVIR DUAS VEZES

Por John Stott

A principal razão para toda traição ao verdadeiro Jesus é que nós ouvimos com exagerada deferência a moda contemporânea, ao invés de escutarmos a Palavra de Deus. A busca por relevância torna-se tão impetuosa que nós sentimos que temos que capitular diante dela, independente do custo. Estamos acostumados a esse tipo de pressão no mundo dos negócios, onde quem determina o produto da firma são os especialistas em marketing, ao descobrirem o que irá vender, o que o público irá comprar. Às vezes parece que o mercado impõe sua regras também à igreja. Com toda prestatividade, nós cedemos ao espírito moderno, tornando-nos escravos da última moda, e até mesmo idó­latras, dispostos a sacrificar a verdade no altar da mo­dernidade. Então a busca por relevância acaba se degene­rando, transformando-se em uma obsessão por populari­dade.

O outro extremo da irrelevância é a acomodação, que é uma covarde e inescrupulosa rendição ao Zeitgeist, o espírito da época. Thielicke foi assaltado por esse perigo, pois ele não conseguia esquecer como é que os assim cha­mados "cristãos germânicos", durante o Terceiro Reich de Hitler, aceitavam e até defendiam os mitos raciais dos nazistas. Ele insistia, portanto, em que a verdadeira teo­logia "sempre implica num debate entre o kerygma e a autocompreensão de uma era... entre a eternidade e o tempo". Ademais, nesse debate "a fé acredita tanto contra como em"; ela nasce em uma reação consciente a idéias correntes. Assim, Thielicke escreve sobre a "estrutura polar" da teologia, na qual um polo é "uma base eterna e superior que se deriva da revelação" e o outro é cons­tituído de "constelações específicas do espírito da época". "A fé", insiste ele, "sempre será um risco ... ela há de implicar, não um porquê, mas um apesar de em face da realidade do humano."

Da mesma forma, Peter Berger, como sociólogo cristão, tem algumas coisas pertinentes a dizer acerca da neces­sidade de se caminhar cautelosamente entre a irrelevância e a acomodação:Eu gostaria de esclarecer uma vez mais que não estou dizendo que os cristãos não deveriam ouvir as idéias dos outros, ou levar a sério o que acontece no seu contexto cultural, ou participar de lutas políticas do seu tempo. O que me perturba não é o fato de se ouvir como tal, mas, sim, o fato de ouvir com adulação acrítica, se não intenção idólatra — de ouvir, se é que se ouve, de olhos arregalados e boquiabertos de admiração”.

E Peter Berger continua dizendo: "Eu acho que simples­mente chegou a hora de dar um 'Basta!' a essa dança em torno dos bezerros de ouro da modernidade". Mais im­portante do que indagar o que o homem moderno tem a dizer à igreja é perguntar o que a igreja tem a dizer ao homem moderno.

O povo de Deus vive num mundo que é frequentemente inamistoso e, certas vezes, declaradamente hostil. Nós vivemos constantemente expostos à pressão para "entrar­mos na forma". No entanto, através de toda a Escritura, somos exortados a uma firme não-conformação, e as ad­vertências para quem cede ao mundanismo são muito sérias. No Antigo Testamento o Senhor disse ao seu povo depois do êxodo: "Não fareis segundo as obras da terra do Egito, em que habitastes, nem fareis segundo as obras da terra de Canaã, para a qual eu vos levo, nem andareis nos seus estatutos. Fareis segundo os meus juízos, e os meus es­tatutos guardareis..." Mesmo assim o povo disse a Samuel: "... constitui-nos, pois, agora, um rei sobre nós, para que nos governe, como o têm todas as nações". E, mais tarde, Ezequiel teve que repreendê-los por sua idolatria: "...dizeis: Seremos como as nações, como as outras gerações da terra, servindo ao pau e à pedra". Foi a mesma coisa nos dias do Novo Testamento. A despeito dos mandamentos bem claros de Jesus — "Não vos assemelheis a eles" - e de Paulo - "Não vos conformeis com este mundo" -, a constante tendência do povo de Deus era, e ainda é, com­portar-se "como os gentios" - até que nada mais parece distinguir a igreja do mundo, os cristãos dos não-cristãos, em convicções, valores e padrões.

Graças a Deus, porém, sempre houve algumas almas nobres que permaneceram firmes, às vezes sozinhas, re­cusando-se a se comprometer. Penso em Jeremias no século VI a.C, em Paulo, no seu tempo ("todos:.. me abandona­ram"), Atanásio no século IV e Lutero no século XVI. C. S. Lewis escreveu seu tributo a Atanásio, que sustentou a divindade de Jesus e a doutrina da Trindade, quando a igreja inteira estava decidida a seguir o herege Ário: "Sua glória é que ele não seguiu o curso da época; sua recompensa é que agora ele permanece, enquanto aquela época, como todas as épocas, já se foi".

Hoje, pois, nós estamos decididos a lutar para apresentar o evangelho de tal forma que ele fale aos dilemas, temores e frustrações do mundo moderno; estamos, no entanto, igualmente decididos a não comprometer o evangelho a fim de fazer isso. Certas pedras de tropeço são intrínsecas ao evangelho original e não podem ser eliminadas, e nem mesmo abrandadas, a fim de torná-lo mais agradável ao paladar contemporâneo. O evangelho contém certos aspec­tos tão estranhos ao pensamento moderno que ele sempre há de parecer "loucura" para os intelectuais, por mais que nos esforcemos (e com razão) para mostrar que ele é "de verdade e de bom senso". A cruz sempre há de constituir-se em uma agressão à justiça própria do homem, bem como um desafio à sua auto-indulgência. Seu "escândalo" (pedra de tropeço) simplesmente não pode ser removido. De fato, a igreja fala ao mundo com mais autenticidade, não quando ela faz adaptações vergonhosas motivadas por covardia, mas, sim, quando se nega a fazê-las; não quando ela se torna totalmente indistinta do mundo, mas quando sua luz distintiva brilha ainda mais.

John Stott em: "Ouça o Espírito, ouça o mundo", editora ABU.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

A DIVINA TRINDADE

O Ser Eterno se revela em Sua existência triúna até mesmo de forma mais rica e indispensável do que em Seus atributos. É nessa Trindade santa que cada atributo do Seu Ser alcança, digamos, o seu conteúdo pleno e o seu significado mais profundo. Somente quando nós contemplamos essa trindade é que nós descobrimos quem e o que Deus é. Só assim nós podemos descobrir quem e o que Ele é para essa humanidade perdida. Nós só podemos descobrir isso quando nós o conhecemos e confessamos como o Deus Triúno do Pacto, como o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Ao considerarmos essa parte da nossa confissão é particularmente necessário que um tom de reverencia santa e um temor ingênuo caracterizem nossa aproximação e atitude. Para Moisés foi um momento terrível e inesquecível aquele em que Deus lhe apareceu no deserto em uma sarça ardente. Quando Moisés olhou para a saca ardente, que ardia e não se consumia, a certa distância, e quis aproximar-se, o Senhor o advertiu, dizendo: “Não te chegues para cá; tira as sandálias dos pés, porque o lugar onde estás é terra santa”. Ao ouvir essas palavras Moisés temeu muito e escondeu seu rosto, pois temia olhar para Deus (Ex 3.1-6).

Tal respeito santo convém também a nós como testemunhas da revelação que Deus faz de si mesmo em Sua Palavra como o Deus Triúno, pois nós devemos sempre nos lembrar que, quando nós estudamos esse fato nós não estamos tratando de uma doutrina sobre Deus, ou de um conceito abstrato, ou de uma proposição científica a respeito da Divindade. Nós não estamos lidando com uma construção humana na qual nós mesmos ou outras pessoas tenham arrumado os fatos, e que nós agora vamos tentar analisar logicamente e desmembrar. Nós estamos tratando da Trindade, estamos lidando com o próprio Deus, com o único e verdadeiro Deus, que revelou-se como tal em Sua palavra. Isso foi o que Ele disse a Moisés: “Eu sou o Deus de Abraão, Isaque e Jacó” (Ex 3.6). Assim também Ele se revela a nós em Sua Palavra e se manifesta a nós como o Pai, o Filho e o Espírito.

E é assim que a Igreja Cristã sempre tem confessado a revelação de Deus como o Deus Triúno, e aceitado-o como tal. Nós encontramos essa confissão nos Doze Artigos do Credo apostólico. O cristão não está nesse credo dizendo o que ele pensa sobre Deus. Ele não está dando ao leitor uma noção de Deus, nem dizendo que Deus tem tal e tal atributos, e que Ele existe dessa ou daquela forma. Ele simplesmente confessa: “Creio em Deus Pai, e em Jesus Cristo, seu único filho, e no Espírito Santo, ou seja, eu creio no Deus Triúno”. Ao fazer essa confissão o cristão expressa o fato de que Deus é o Deus vivo e verdadeiro, que é o Deus Pai, Filho e Espírito, o Deus de sua confiança, a quem ele tem se rendido inteiramente, e em quem ele descansa com todo o seu coração. Deus é o Deus de sua vida e de sua salvação. Como Pai, Filho e Espírito, Deus o criou, redimiu-o, santificou-o e glorificou-o. O cristão deve tudo a Ele. É sua alegria e prazer que ele possa crer nesse Deus, confiar nele e esperar tudo dele.

Extraído do livro: “O Fundamento de Nossa Fé - Um Panorama da Doutrina Cristã” de Herman Bavinck.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

“TUDO DEMAIS PASSA DA MEDIDA”

“Tudo demais passa da medida”. Minha mãe usava essa frase para me corrigir quando eu exagerava em alguma coisa. Se eu comesse demais, se eu brincasse demais, se eu dormisse demais, se eu falasse demais, enfim, para tudo que eu fizesse além da conta, minha mãe vinha com a reprimenda: “Tudo demais passa da medida”.

A frase é óbvia, mas o princípio cabe, realmente, em muitas situações. Tudo que é exagerado passa a ser prejudicial. O sentido é que há uma medida de tolerância para todas as coisas, e ao se ultrapassar essa medida, corre-se sempre riscos. O melhor é respeitar a medida, respeitar os limites, respeitar a fronteira da tolerância em cada caso para não levar prejuízos.
A causa gay perdeu a medida, ultrapassou os limites e perdeu o foco. Se antes o interesse era brigar pelos direitos dos homossexuais como cidadãos, hoje, o desejo é obrigar a sociedade a reconhecer os homossexuais como cidadãos superiores. Se antes, ao introduzir personagens gays nas novelas, o interesse era que o público se acostumasse com o comportamento homossexual, hoje o propósito é forçar o público a aceitar o homossexualismo como certo e até normativo para a sociedade. Se antes as passeatas do orgulho gay eram para se fazer festa, hoje é para fazer política. Se antes os gays tratavam os crentes como caretas, agora querem que eles sejam tratados como criminosos. Os promotores da causa gay fizeram tanto barulho que passaram da medida e criaram insatisfação onde pretendiam criar simpatia e apoio.
A insatisfação da sociedade com os exageros da luta pela causa gay está ganhando força e encontrou espaço em jornais, revistas e sites de grande acessibilidade e importância através do pronunciamento de gente inteligente que não representa, necessariamente, algum segmento anti-homossexualismo. Há juristas questionando a legitimidade da recente decisão do STF em favor da união estável entre pessoas do mesmo sexo. Há políticos  dispostos a lutar contra a aprovação do tal PLC-122/2006. Há jornalistas sérios escrevendo contra os excessos de proteção e promoção dos direitos da causa gay no Brasil. E agora há até mesmo emissoras de TV exigindo dos autores de novelas que pisem no freio e diminuam a exposição de temas ligados ao homossexualismo em suas tramas, alegando que há uma overdose do assunto nas estórias.
Preciso concordar com minha mãe. “Tudo demais passa da medida”. Tudo demais perde o sentido. No caso específico da causa gay, perde-se muito mais, porque a causa gay é uma causa sem sentido. Não há sentido em se lutar por uma causa que vai contra os valores da própria constituição humana. Não há sentido em uma causa que rivaliza com a determinação divina.
A causa gay está passando da medida. Da medida do suportável, do respeitável, do tolerável. Ainda bem que há quem perceba isto a tempo e se manifeste de maneira sóbria e inteligente, para que não se diga que apenas a igreja não suporta mais os exageros dos defensores da causa gay. A sociedade em geral está dando sinais de que esta causa não representa o interesse da maioria, mas de uma minoria que precisa se colocar em seu devido lugar.

Agnaldo Silva Mariano

terça-feira, 19 de julho de 2011

O BATISMO DOS FILHOS DOS CRENTES

Por R.C. Sproul

Embora o batismo de crianças tenha sido uma prática importante no cristianismo histórico, sua validade tem sido solenemente desafiada por cristãos piedosos de várias denominações. A questão em torno do batismo de crianças baseia-se em vários aspectos. O Novo Testamento não ordena explicitamente que as crianças sejam batizadas, nem explicitamente proíbe que sejam batizadas. O debate se concentra em questões que geram em torno do significado do batismo e do grau de continuidade entre a Antiga e a Nova Aliança.

A mais crucial objeção por parte daqueles que se opõem ao batismo de crianças é que o sacramento do batismo pertence aos membros da igreja, e que a igreja é uma companhia de crentes. Visto que as crianças são incapazes de exercer fé, não devem ser batizadas. Enfatiza-se também que dos batismos registrados no Novo Testamento não há nenhuma referência específica a crianças. Uma outra objeção é que a Antiga Aliança, embora não comunique a salvação por via biológica, pela linhagem de sangue, não obstante envolvia uma ênfase étnica à nação de Israel. A aliança era transmitida através dos laços familiares e nacionais. No Novo Testamento a aliança tornou-se mais abrangente, admitindo os gentios na comunidade da fé. Este sinal de descontinuidade estabelece uma diferença entre a circuncisão e o batismo.

Por outro lado, aqueles que são favoráveis ao batismo de crianças enfatizam seu paralelo com a circuncisão. Embora o batismo e a circuncisão não sejam idênticos, têm pontos cruciais em comum. Ambos são sinais da aliança e ambos são sinais da fé. No caso de Abraão, ele abraçou a fé depois de adulto e fez uma profissão de fé antes de ser circuncidado. Ele tinha fé antes de receber o sinal desta fé. Seu filho Isaque, por outro lado, recebeu o sinal da fé antes que tivesse a fé que o sinal simbolizava (como foi o caso de todos os outros filhos da aliança).

O ponto crucial é que no Antigo Testamento Deus ordenou que o sinal da fé fosse dado antes que a fé estivesse presente. Visto que esse era claramente o caso, seria um equívoco argumentar em princípio que é errado administrar um sinal de fé antes que a fé esteja presente.

É também importante observar que os relatos de batismos no Novo Testamento foram de adultos que anteriormente eram incrédulos. Pertenciam à primeira geração de cristãos. Além disso, sempre tem sido a regra que convertidos adultos (que não eram filhos de crentes em sua infância) devem primeiro fazer a profissão de fé antes de receberem o batismo, o qual é o sinal de sua fé.

Cerca de um quarto dos batismos mencionados no Novo Testamento indica que famílias inteiras foram batizadas. Isso sugere fortemente, embora não o prove, que as crianças eram incluídas entre os que eram batizados. Visto que o Novo Testamento não exclui explicitamente as crianças do sinal da aliança (e foram incluídas por milhares de anos enquanto o sinal da aliança era a circuncisão), naturalmente podemos presumir que na igreja primitiva as crianças deviam receber o sinal da aliança.

A história testemunha a favor dessa suposição. A primeira menção direta ao batismo de criança aconteceu por volta da metade do segundo século. O que é digno de nota nessa referência é que ela pressupõe que o batismo de crianças era uma prática universal da igreja. Se o batismo de crianças não fosse uma prática na igreja do primeiro século, como e por que este afastamento da ortodoxia aconteceu tão rápido e de forma tão prevalecente? Não só a difusão foi rápida e universal, como também a literatura remanescente daquela época não reflete qualquer controvérsia concernente a esta questão.

Em geral, a Nova Aliança é mais inclusiva do que a Antiga Aliança. Aqueles que contestam a validade do batismo de crianças estão tornando a Nova Aliança menos inclusiva com relação às crianças, a despeito da ausência de qualquer proibição bíblica contra o batismo de crianças.

Extraído do livro: "Verdades Essenciais da Fé Cristã", Editora Cultura Cristã.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

O ENSINO DA REFORMA PROTESTANTE SOBRE A JUSTIFICAÇÃO

A redescoberta da doutrina da justificação foi a razão da Reforma do século dezesseis. A Reforma foi uma reação contra as falsas doutrinas e as tradições corruptas que tinham entrada na igreja católica romana até aquele tempo. Vamos esboçar o desenvolvimento gradativo desses erros.

Primeiro, houve o ensino católico-romano referente ao perdão do pecado. Foi ensinado que todo o pecado (inclusive o pecado original) praticado antes do batismo, foi perdoado pelo batismo, e que mediante o batismo a pessoa efetivamente recebia uma nova vida espiritual.

Todo o pecado praticado depois do batismo foi perdoado somente quando confessado a um sacerdote, cumpridas as penitências e sofridas as penas do purgatório. (Na verdade, isso não é nenhum perdão, porque tais pecadores não são perdoados gratuitamente, antes, têm de suportar um longo processo de sofrimento.)

Os católicos romanos dividiram o pecado em duas classes: mortal - que somente a morte de Cristo podia expiar; e venial - merecendo apenas os castigos e penitências desta vida. (A Bíblia não estabelece nenhuma distinção; pelo contrário, ela vê cada pecado como "mortal".)

Segundo, apesar dos esforços através de penitências, houve uma consciência de continuada imperfeição e pecado, e isso gerou a idéia da transferência dos méritos das pessoas santíssimas para as mais fracas.

Foi asseverado que essa sobra de méritos que os santos e mártires acumularam ao longo dos anos poderia ser distribuído pelo próprio papa, ou através de seus representantes autorizados. Essas "indulgências", como foram chamadas, poderiam ser adquiridas por dinheiro. A venda delas proporcionava uma fonte de renda para o papa.

Terceiro, junto com esses erros a respeito do mérito humano, surgiu a idéia de que a missa poderia ser, pela intenção do sacerdote, um verdadeiro sacrifício do próprio corpo e sangue de Cristo. Supostamente, o pão e o vinho se tornariam a carne e o sangue de Cristo. Independente do valor do mérito humano, o mérito de repetidas celebrações da morte de Cristo certamente seria inesgotável! Assim o "sacrifício do altar" tornou-se também uma fonte de lucro financeiro na medida em que as multidões providenciaram (e pagaram) méritos em favor das almas dos vivos e dos mortos.

Existem quatro maneiras pelas quais o ensino das Escrituras, e conseqüentemente o dos reformadores, divergiu do ensino católico-romano sobre a justificação:

1) A natureza da justificação. O ensino da igreja católica romana era que, pelo batismo, o pecador verdadeiramente recebia uma nova vida espiritual, capacitando-o a justificar a si mesmo. Os reformadores ensinaram que, de acordo com as Escrituras, a justificação é o total perdão de todos os pecados por uma decisão graciosa da parte de Deus, de forma que o pecador é imediatamente considerado justo.

2) A base para a justificação. A igreja católica romana ensinava que Deus aceita o pecador em virtude da nova vida espiritual recebida pelo batismo. As Escrituras, bem como os reformadores, ensinaram que a justiça de Cristo, imputada ao pecador, é a única base de justificação.

3) O método da justificação. A igreja católica romana ensinava que o pecador é justificado quando a vida espiritual recebida pelo batismo produz ações piedosas, isto é, confissões, participação nos sacramentos da igreja, penitências, etc. As Escrituras, bem como os reformadores, ensinaram que a justificação é somente pela fé em Cristo. Com toda certeza, fé verdadeira há de produzir o "fruto do Espírito" na vida do justificado. A justificação é biblicamente ligada à fé, e não às boas obras que procedem da fé.

4) O efeito da justificação. A igreja católica romana ensinava que a justificação nunca será perfeitamente realizada. Há sempre uma necessidade para praticar mais penitências por causa dos pecados posteriores. Ninguém pode ter a certeza de uma justificação total até a sua chegada nos céus, depois de sofrer as penas do purgatório. As Escrituras, bem como os reformadores, ensinaram que a justificação inclui o gratuito perdão de todo o pecado e garante a vida eterna. Eles falaram do ensino católico-romano como "uma fé incerta, cheia de dúvidas". Isso e tão diferente do ensino protestante sobre a natureza completa, final e irreversível da justificação por um ato gracioso da parte de Deus.

No processo de exaltar a importância do esforço humano na justificação, o ensino da igreja católica romana rebaixa a riqueza e a maravilha da graça de Deus. Os méritos da vida e da morte de Cristo não são mais suficientes - o pecador deve acrescentar os supostos méritos de seus próprios esforços. Não existe apenas um único sacrifício pelo pecado; o sacrifício tem de ser repetido vezes sem fim mediante a missa. Os esforços do pecador para justificar a si mesmo podem ser enriquecidos pelos méritos de outros santos e mártires. O perdão não é uma dádiva imediata de Deus, antes, é algo incerto, dependente da confissão, penitência, e uma absolvição concedida por um sacerdote humano. E o comércio corrupto de vender indulgências (que tanto ofendia Lutero) surgiu de todos estes erros de doutrina, como Lutero perspicuamente discerniu. A verdade bíblica da justificação pela fé, dada gratuitamente por Deus e trazendo a certeza da salvação para o pecador faiscou como corrente elétrica através das dúvidas e corrupções do século dezesseis. Essa nova compreensão conduziu algumas igrejas para uma reforma e uma renovação segundo os padrões dos tempos apostólicos.

Extraído do livro: "Declarado Inocente", de James Buchanan - Editora PES.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

PASTORES DESMOTIVADOS

Qualquer um pode sentir-se desanimado no exercício de sua profissão. Vários fatores podem gerar a desmotivação e provocar questionamentos quanto à continuidade ou não do exercício da ocupação escolhida. Baixa produtividade, remuneração inadequada, condições de trabalho impróprias, insatisfação com colegas são alguns fatores que poderiam ser nomeados, entre outros tantos.
Como quaisquer outros trabalhadores, pastores também podem sofrer esse tipo de problema e, às vezes, sentirem-se desmotivados a continuar exercendo o ofício que escolheram ou, em se tratando de pastores de verdade, para o qual foram escolhidos, pois creio que pastorear é uma vocação, não uma profissão. É chamado divino e não mera escolha pessoal.

O ministério pastoral, à semelhança de quaisquer outras atividades, tem seus desafios, alegrias e dificuldades próprias. Acredite, não é fácil ser pastor. Acho que nunca foi. O pastor lida com questões que fogem à mera capacidade técnica de solução. O pastor lida com pessoas, e pessoas têm crises, têm dificuldades, têm dramas e problemas que não se resolvem com um comprimido, ou um chá, e, às vezes, não se resolvem nem mesmo com uma palavra ou um conselho. Há situações que as pessoas enfrentam que exigem um esforço descomunal do pastor e, muitas dessas situações, nunca serão solucionadas por ele, por mais que se esforce.
O pastor lida com desafios eclesiásticos imensos. São exigências e cobranças, muitas delas desproporcionais ao seu chamado e capacitação. Em muitas igrejas o pastor precisa ocupar diversas funções para as quais ele não tem nem vocação, nem habilidade, nem tempo para fazer. Há pastores se desgastando tentando ser e fazer o que não são e nem têm obrigação ou aptidão para realizar, mas precisam produzir, demonstrar capacidade, alcançar resultados.

Em certas igrejas o pastor abre e fecha a igreja, limpa o templo, conserta a parte elétrica, prepara a santa ceia, prega, toca, canta, e ainda precisa arrumar tempo para ser psicólogo, advogado, administrador, juiz de paz, motorista particular e o que mais o povo achar que o pastor sabe fazer. E muitos pastores ainda precisam conviver com igrejas complicadas, com membros preguiçosos, encrenqueiros, rebeldes que, mesmo tendo sugado o máximo do pastor por anos a fio, sentem-se no direito de mudar de igreja a qualquer momento sob a desculpa de não terem sido assistidos a contento.

Estas e outras situações, muitas vezes, provocam um desgaste imenso e o pastor fica à beira do perigoso precipício da depressão, do esgotamento emocional e espiritual. É aí que muitos pastores se tornam desmotivados no ministério.

Há pastores desmotivados no ministério por não conseguirem realizar o seu verdadeiro chamado. São servos de Deus que sabem para que o Senhor os vocacionou, mas a correria e as muitas exigências absurdas da igreja não lhes permitem ser o que Deus quer que eles sejam, nem fazer o que Deus os chamou para fazer. Há outros que estão desmotivados por falta de ajuda e apoio da liderança, dos membros ou da denominação. Há os que estão desmotivados por não terem apoio da esposa e dos filhos. Outros estão desmotivados por não serem amados devidamente ou respeitados dignamente. Há pastores desmotivados no ministério por se decepcionarem com colegas que, ao invés de serem companheiros, tornam-se adversários e concorrentes desleais.
O grande problema é que pastores desmotivados desmotivam a igreja. Pastores desmotivados no ministério tornam-se, muitas vezes, cruéis com as ovelhas, pois descarregam nelas sua frustração e desânimo. Pastores desmotivados correm ainda o risco de tentar resolver sua frustração lançando mão de meios inadequados e questionáveis para resgatar o prazer de pastorear. Pastores desmotivados no ministério podem se tornar perigosos instrumentos nas mãos do inimigo para escandalizar o povo de Deus.

Eu creio que qualquer pastor pode sentir-se desmotivado em algum momento da sua vida ministerial. Mas o pastor não pode entregar-se ao desânimo e continuar insistindo no pastoreio sem achar-se devidamente condicionado a isto.
Pastores desmotivados precisam urgentemente de ajuda. Precisam confessar sua desmotivação humildemente ao Senhor pedindo seu auxílio. Precisam compartilhar com colegas sua situação a fim de dividir a carga e pedir apoio. Precisam honestamente compartilhar a situação com sua família em busca de fortalecimento. Precisam se abrir com a liderança da sua denominação a fim de encontrar uma saída para as crises. Precisam, ainda, se for o caso, compartilhar com suas ovelhas a situação que enfrentam para achar alternativas viáveis para o resgate da alegria ministerial.

Entretanto, se o pastor descobrir que a sua desmotivação se dá em função de não ter certeza da vocação para o ministério, melhor será que ele deixe o ministério e procure o seu verdadeiro chamado. Pior do que ser um pastor desmotivado é ser um falso pastor.

Agnaldo Silva Mariano