quinta-feira, 9 de outubro de 2008

“SOLA SCRIPTURA: AS ESCRITURAS SAGRADAS SÃO A ÚNICA REGRA INFALÍVEL DE FÉ E PRÁTICA DA IGREJA CRISTÔ

O ano 1517 entrou para a história como o ano em que eclodiu a Reforma Protestante. A Reforma não foi um movimento instituído a fim de dividir a Igreja, mas tinha o propósito de restaurá-la, e resgatar sua identidade bíblica. O grande objetivo era promover um retorno às Escrituras para reformar a igreja que havia caído, ao longo dos séculos, numa decadência teológica, moral e espiritual.

A Reforma Protestante foi um grito contra os erros praticados na Igreja por muitos anos. Ao longo de toda a Idade Média, a igreja encheu-se de paganismo, sofrendo vários desvios. Várias inovações foram promovidas, desde o uso de velas nas cerimônias, em 320, culto aos santos, em 375, culto à Virgem Maria, em 431, venda de indulgências, em 1190, etc.

De todas as inovações, a que mais prejudicou a igreja foi a proibição da leitura da Bíblia, em 1229. Não é sem razão que esse período é chamado, na história eclesiástica de Era das Trevas. O professor Francisco Solano Portela diz: “Na ocasião da Reforma, a tradição da igreja já havia se incorporado aos padrões determinantes de comportamento e doutrina e, na realidade, já havia superado as prescrições das Escrituras. A Bíblia era conservada distante e afastada da compreensão dos devotos. Era considerado um livro só para os entendidos, obscuro e até perigoso para as massas. Os reformadores redescobriram e levantaram bem alto o único padrão de fé e prática: a Palavra de Deus, e por este padrão aferiram tanto as autoridades como as práticas religiosas em vigor”.

A Reforma Protestante adotou bandeiras que caracterizavam os pontos principais de sua fé. Esses pontos ficaram conhecidos como os solas: Sola Scriptura, sola fide, sola gratia, solus Christus, soli Deo gloria.

Sola Scriptura é uma dessas bandeiras. Este lema afirma a suficiência das Escrituras e enfatiza que somente a Bíblia é a única autoridade infalível dentro da igreja. As Escrituras Sagradas devem ser sempre a autoridade final, e não a filosofia e tradições dos homens ou decisões conciliares. A Bíblia, e somente ela, deve ser a regra de fé e prática do cristão.

Sola Scriptura. Essa bandeira deve ser defendida ainda hoje, quando a igreja tem priorizado experiências pessoais ou tradições religiosas. “Hoje o mundo está sem um padrão. Mas não é somente o mundo: a própria igreja evangélica está voltando a enterrar o seu padrão em meio a um entulho místico pseudo-espiritual. A mensagem da reforma continua necessária” (Francisco Solano Portela). O brado de Sola Scriptura ainda é urgente!


1. AS ESCRITURAS SAGRADAS POSSUEM AUTORIDADE COMO PALAVRA DE DEUS.


O autor aos Hebreus dá uma informação preciosa a respeito da autoridade das Escrituras: “A palavra de Deus é viva e eficaz” (Hb 4. 12). Ele deixa claro de qual Palavra está falando: Não é da palavra de homens, e sim da Palavra de Deus. E o que podemos chamar de Palavra de Deus? Nada além das Escrituras Sagradas. O conteúdo da Bíblia é a Palavra de Deus para o homem, e somente a Bíblia pode receber este maravilhoso título. Somente as Escrituras Sagradas têm autoridade para ser nossa única regra infalível de fé e prática porque elas são a Palavra de Deus. O Catecismo Maior de Westminster afirma: “As Escrituras Sagradas – o Velho e o Novo Testamentos – são a Palavra de Deus, a única regra de fé e obediência”.

A Bíblia não pode ser vista como um compêndio de palavras meramente humanas. É sabido que homens santos a escreveram sob a inspiração do Espírito Santo (2 Pe 1. 21), e as palavras nela contidas são palavras de Deus. Deus é o seu autor.

Diz Spurgeon, pregador inglês, em seu sermão A Bíblia, pregado em março de 1855: “Este volume é a escrita do Deus vivo: cada letra foi escrita por um dedo Todo-poderoso; cada palavra saiu dos lábios eternos, cada frase foi ditada pelo Espírito Santo”. E por ser a Palavra de Deus, a Bíblia é um livro que tem autoridade: “Esta Bíblia é um livro autorizado, pois Deus o escreveu. Oh, temam, não a desprezem, observem sua autoridade, porque é a Palavra de Deus”, diz novamente Spurgeon.

A autoridade das Escrituras provém não da interpretação da Igreja, e sim de seu autor. “A autoridade da Escritura Sagrada, razão pela qual deve ser crida e obedecida, não depende do testemunho de qualquer homem ou igreja, mas depende somente de Deus que é o seu autor; tem, portanto, de ser recebida, porque é a Palavra de Deus” diz o Rev. João Alves dos Santos

Sendo assim, somente as Escrituras são a regra inerrante da vida da igreja. Nada mais deve ocupar esse lugar tão singular. As opiniões de pastores, escritores, estudiosos, enfim, todas devem ser submetidas às Escrituras porque elas sim, têm autoridade para nos guiar à glorificação do nome de Deus, porque, como Palavra de Deus, elas têm autoridade irrevogável e inquestionável.

“Para os reformadores, a Bíblia não era um livro de doutrinas e proposições a serem aceitas intelectualmente ou mediante a autoridade da igreja, mas uma revelação direta, viva e pessoal de Deus, acessível a qualquer pessoa”, afirma o professor Alderi Souza de Matos. Isto, na prática, significa dizer que não é preciso um líder eclesiástico interpretar o que diz a Bíblia para que ela se torne aceitável. Deus tem dado a cada crente a iluminação de seu Espírito a fim de que todos os crentes verdadeiros possam compreender o que diz a Bíblia. Ela é autoridade por si mesma para nos conduzir em matéria de fé e prática, porque ela é a Palavra de Deus, e como tal, “é autoritativa em todas as esferas da vida. Todas as coisas escritas na Bíblia são verdadeiras porque são a Palavra de Deus” (Sebastião M. Arruda).

O escritor da epístola aos Hebreus diz: “A Palavra de Deus é viva e eficaz”. Paulo afirma a autoridade das Escrituras como Palavra de Deus em 2 Tm 3. 16: “Toda a Escritura é inspirada por Deus...”. Sendo assim, as Escrituras são o nosso único guia para a salvação, para a glorificação do nome de Deus e para a vida prática; através dela, o crente se torna habilitado para toda a boa obra (2 Tm 3. 17).

Desta forma, podemos afirmar que toda religião ou igreja que nega a autoridade das Escrituras como Palavra de Deus deve ser considerada apóstata. “A Palavra de Deus é o alicerce sobre o qual a esperança de alguém reside”, disse o escritor protestante (ex-padre católico) Richard Bennet.

A Igreja Cristã de nossos dias precisa reafirmar esta verdade: Somente as Escrituras Sagradas são nossa única regra infalível de fé e prática porque possuem autoridade como Palavra de Deus. Ela é a verdade porque procede do Deus da verdade (Jo 17. 17). A Bíblia, e somente a Bíblia, tem esta autoridade.

(Continua).

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