sábado, 10 de abril de 2010

CONVÉM QUE EU DIMINUA, E QUE CRISTO CRESÇA

João Batista foi agraciado com uma inegável dádiva: ser o predecessor do Messias. Quão nobre vocação lhe foi conferida pelo Eterno! Preparar os caminhos para o início do ministério do Redentor prometido desde o Éden. A tão aguardada Salvação chegara, e cabia ao profeta excêntrico, que comia gafanhoto e se vestia de peles de animais, avisar os incautos de que era hora de se arrependerem de seus maus caminhos porque o reino de Deus havia sido inaugurado.

João Batista era uma voz que clamava em um deserto de indiferença e comodismo religioso. Acomodados no sossego do conservadorismo os judeus ignoravam a dimensão do momento histórico em que viviam. Estavam no auge do cumprimento das profecias antigas. Mas os ouvidos moucos não reconheciam aquela voz. Bastavam-lhes os rituais e cerimônias e a malfadada esperança num messias político-religioso.

A chegada de João Batista reabriu as páginas da revelação divina, após séculos de silêncio profético. João tinha um invejável status, mas reconheceu seu devido lugar. Não era ele o Cristo esperado. Ele era apenas um anunciador. Era um missionário, um proclamador da Salvação. Não se considerava digno sequer de desatar as correias das sandálias do Messias. Para João Batista não havia status nem holofotes. Ele era apenas um servo.

João entendia o seu lugar na história da revelação e a sua condição humana inarredável: era um pecador que carecia da graça de Deus. Ele via em Jesus a sua esperança de Salvação. Por isso, era conveniente que Cristo fosse reconhecido e que as atenções se voltassem para ele. Por séculos a Salvação era aguardada, e não era correto que fosse retirado de Cristo o foco. “Convém que Cristo cresça, e que eu diminua”, disse João Batista. Cristo devia ser o centro das atenções, não um simples homem pecador.

As palavras de João Batista devem retumbar em nossos dias, quando tantos espetaculosos líderes eclesiásticos chamam para si a atenção e os holofotes, fazendo de suas ações motivos de exaltação e vanglória. O “eu” desses líderes é tão assoberbadamente destacado que sobressai de maneira grosseira sobre o nome do próprio Cristo. Tais líderes projetam-se como intocáveis e infalíveis, detentores de méritos incalculáveis, assegurando o direito de ocupar lugares de honra na história e no coração daqueles que chamam de seus seguidores.

João Batista entendeu o seu lugar e o seu tamanho na história. Ele deveria ser pequeno diante de Cristo. Quanto mais perto de Cristo, menor ele seria. Quanto mais crescesse o Cristo, tanto mais diminuiria o João. Assim é que deve ser.

Convém que Cristo cresça e que qualquer homem diminua. Diante de Cristo não há homens grandes ou importantes. Todos são indignos e insignificantes. “Que cresça Cristo e que eu diminua”. É a minha oração, não apenas como pastor, mas como crente, todos os dias. O lugar de destaque em minha vida e em meu ministério será sempre daquele que é digno de toda honra e reverência: Jesus Cristo, meu Salvador.

2 comentários:

Anônimo disse...

O que mais vemos nas igrejas hoje é Cristo sendo esquecido e as pessoas aparecendo cada vez mais. Precisamos de mais humildade,um culto racional e não esse exibicionismo que está tomando conta de nossas igrejas.

Raquel Mariano disse...

Com certeza Cristo deve estar em primeiro lugar. Os líderes de hoje muitas vezes não pensam assim. Vejo muitos pastores se transformaresm em verdadeiras estrelas e sendo seguidos por muitos. Devemos seguir a Cristo e não as pessoas.