Tenho recebido nos últimos meses um sem número de e-mails alertando sobre as eleições. São mensagens terroristas que divulgam, sem passar pelo crivo da veracidade, informações sobre alguns dos candidatos à presidência da República no pleito do próximo domingo. Todos esses e-mails querem alertar sobre perigos envolvendo uma possível vitória de candidatos que, supostamente, estão contra a fé cristã. Não me lembro de ter autorizado esses e-mails, porque não me lembro de ter sido consultado se gostaria ou não de recebê-los. Mas como a internet é um território sem muitas fronteiras, nem sempre há como filtrar esse tipo de mensagem.
Um dos perigos desse tipo de e-mail é o de se propagar informações a respeito das pessoas, sem que elas tenham o direito sagrado de se defender. Muitas dessas informações, inclusive, podem não ser verdadeiras. Fico profundamente triste ao ver que muitos crentes propagam essas mensagens sem averiguar se são ou não confiáveis. E o pior é saber que muitas pessoas, ao propagar tais mensagens, imaginam estar prestando um grande serviço aos remetentes, influenciando - e até determinando - a sua maneira de pensar.
Se há uma coisa que me deixa indignado é desconfiar que haja pessoas tentando pensar por mim. Eu creio que não preciso disto. Aliás, ninguém precisa disto. Não preciso de pessoas pensando e decidindo o que eu devo pensar e como devo agir. Abomino essas mensagens terroristas porque não passam de proezas de gente a serviço da preguiça intelectual. Tenho o direito e o dever de pensar por mim mesmo, baseado em minhas convicções, valores e crenças. Não preciso de ninguém pensando por mim. Desculpem o desabafo. Não quero parecer arrogante. Quero apenas exercer o meu direito de pensar usando o meu próprio cérebro.
Agnaldo Silva Mariano
3 comentários:
Olá Pr. Aguinaldo,
É muito bom saber que ainda existem Pastores que pensam e respeitam o pensamento dos outros, além de defenderem a liberdade de expressão e, principalmente de defesa (dentro da família da fé).
Lamento ver mensagens circulando na Internet de "Pastores-politiqueiros" que deixam de lado a Bíblia e fazem de sua posição uma arma para levar o povo cristão a um caminho torpe.
Quanto a ação do cristão no mundo, gostaria de fazer uso das palavras de uma filósofo e teólogo (ex-pastor Presbiteriano). Sei que muito não gostam de seus textos, porém, muito de suas idéias podemos aproveitar:
"O problema não é transformar a realidade. Ela já foi transformada, de novo feita, reconciliada, em Cristo. Importa transformar as nossas maneiras de sentí-la. Poderíamos assim resumir a fórmula fundamental do Protestantismo: 'Os homens têm tentado, de várias maneiras, transformar o mundo. Mas a questão não é transformá-lo, mas reinterpretá-lo'. A conversão é o início do processo de reinterpretação. Se os protestantes afirmam existir uma afinidade entre o seu espírito e o espírito da democracia, do progresso e da modernidade, eles não querem com isso dizer que estas sejam as tarefas específicas a que eles se propõem, mas antes, que se trada de decorrências naturais e secundárias do processo de conversão a Cristo".
Protestantismo e Repressão / Rúbem Alves. São Paulo: Ática, 1982. Coleção Ensaios nº 55, pág 76.
Deus continue abençoando seu ministério.
Álem Jr.
Obrigado, Álem, pela visita. Volte sempre.
Ainda bem que se tem pessoas com lucidez dentro das nossas igrejas. Não pertenço a nenhuma, e com as atitudes de certas delas, fiquei mais longe ainda.
Postar um comentário