quinta-feira, 30 de junho de 2011

O QUE SE PODE DIZER DE VERDADE A RESPEITO DA MENTIRA?

A mentira é quase tão antiga na história humana quanto a própria humanidade. O primeiro pecado cometido por nossos primeiros pais foi motivado por uma mentira contada por Satanás. O “é certo que não morrereis”, dito pela serpente (Gn 3. 4) foi a mentira suficiente para gerar no coração de Eva o interesse por aquilo que Deus havia proibido que se fizesse. Desde então, a mentira, que já era uma prática caracteristicamente diabólica, se tornou uma técnica tipicamente humana.

O ser humano caído em pecado introduziu a mentira como elemento indispensável em seus relacionamentos. Uma mentira aqui, outra ali e pronto, não dava mais para viver só de verdades. Afinal, como se sair bem em um negócio sem contar uma mentirinha? Como conseguir um bom casamento para a filha sem mentir sobre certos defeitos dela? Como manter um casamento sem mentir sobre a engordadinha da esposa ou sobre o mau hálito do marido? E assim, a humanidade passou a mentir para sobreviver.

Para justificar a necessidade da mentira, foi preciso diferenciar entre mentiras e mentiras. A mentira contada para promover um bem maior passou a ser chamada de “mentira branca”. Por exemplo, uma pessoa que está sendo ameaçada de morte se esconde na sua casa. Aí os assassinos vêm à procura dela e você mente, dizendo que ela não está ali. Para proteger a pessoa você precisa mentir. Foi uma mentira, mas uma “mentira branca”. Foi o expediente usado por Raabe para proteger os espias de Israel (Js 2. 1 a 5).

A mentira contada para prejudicar alguém eu não sei se tem cor, ou se tem um nome específico além de “mentira”; mas ela é sempre condenável. Ela visa tão somente o mal do próximo e está sempre a serviço do seu pai, que é o diabo (Jo 8. 44).

A questão ética em torno da necessidade da mentira em alguns casos extraordinários será sempre alvo de muita discussão. Mentir é sempre errado? Mentir às vezes é certo? A verdade é que a Bíblia condena a mentira em vários lugares (Sl 101. 7; Sl 119. 163; Pv 13. 5; Ef 4. 25; 1 Jo 2. 21; Ap 21. 8). No entanto, ela também não esconde o uso de certas mentiras por parte de servos de Deus, até como mecanismos de promoção de um bem maior. Contudo, o que se pode afirmar com segurança é que a verdade será sempre o padrão, a regra divina.

A grande questão é que, desde que o ser humano conheceu a mentira, nunca mais conseguiu viver sem ela. É uma triste ironia ter que dizer que a mentira, que é um mal, às vezes, serve para o bem. Há até quem diga que não é possível viver somente da verdade, como, por exemplo, o jornalista alemão Jürgen Schmieder que, por conta de uma experiência para o jornal Süddeutsche Zeitung tentou passar quarenta dias sem mentir. O resultado, segundo afirmou após a experiência, foi que quase perdeu o casamento, os amigos e, por pouco, não entrou em depressão. A conclusão dele é de que o ser humano precisa de, pelo menos, 50 mentiras diárias para sobreviver.

Bom, eu creio que a conclusão de Schmieder sobre a mentira só é verdade porque vivemos em um mundo que jaz no pai da mentira (1 Jo 5. 19). Só necessitamos de mentiras em nossos relacionamentos porque não conseguimos compreender plenamente os valores divinos nem vivê-los em sua perfeição neste lado da vida. A mentira só ganhou espaço nas relações humanas porque essas relações estão absolutamente contaminadas pela corrupção dos nossos primeiros pais e, assim, severamente comprometidas pelo pecado em todos os seus níveis e motivações.

Vivemos em um mundo de valores invertidos, que “ao mal chama bem e ao bem, mal; que faz da escuridade luz e da luz, escuridade; que põe o amargo por doce e o doce por amargo”, como disse o profeta (Is 5. 20). Neste mundo oposto aos padrões divinos não é possível viver apenas da verdade, porque ela tem padrões tão elevados que o homem não seria capaz de suportá-los. Falar somente a verdade significaria, por exemplo, não tolerar erros em nome do politicamente correto, não permitir excessos em nome da gentileza da boa-vizinhança, não se conformar com transgressões em nome da simpatia ou da amizade, não justificar falhas em função de benefícios, nem mesmo tolerar pecados em nome do amor.

Olhando por esse lado, parece realmente muito difícil viver em um mundo só com verdades. Mas muito pior do que isto é viver em um mundo em que a mentira ganha justificativas absurdas para parecer necessária ou imprescindível. Muito pior é viver num mundo de mentiras como o de Amim Khader que inventou que estava morto só para promover um quadro em um programa de televisão.

A grande diferença entre a mentira e a verdade é que a mentira serve para justificar qualquer ato, do mais inútil ao mais vil, pois está a serviço da mediocridade de Satanás. A verdade, por sua vez, representa e está a serviço dos elevados propósitos de um Deus absolutamente santo e justo, que não tolera o pecado ainda que maquiado pela pretensa necessidade de mentiras coloridas ou “brancas”. A verdade é sempre o padrão de Deus. Por isso ele enviou seu Filho ao mundo para libertar e santificar o homem através da verdade (Jo 8. 32; Jo 17. 17) e, por fim, recolherá aqueles arrependidos e alforriados do pecado em todas as suas propriedades ao seu reino eterno, onde não há lugar para mentirosos nem mentiras de espécie alguma (Ap 21. 8).

Agnaldo Silva Mariano

sábado, 25 de junho de 2011

UM TIRO NO PÉ DA CAUSA GAY

O falecido jornalista Paulo Francis disse certa vez: “A melhor propaganda anticomunista é deixar uma comunista falar”. Esta frase poderia ser usada para se referir à causa gay. Assim, a melhor propaganda anti-causa gay parece ser deixar os homossexuais brigarem por seus direitos. A sociedade começa a se irritar com os exageros dos homossexuais na busca por transformar a sua causa em um interesse de todos e colocar seus direitos acima dos direitos do restante da humanidade. É um verdadeiro tiro no pé da causa gay. Uma ótima manifestação dessa irritação vem do texto do jornalista Ruy Fabiano publicado em O Globo. Leia abaixo o texto na íntegra:

Em torno da causa gay

Por Ruy Fabiano (Jornalista)

Toda a campanha em favor da causa gay, e que orienta a aprovação do projeto de lei 122, em tramitação no Senado, parte de uma mesma premissa: haveria, no Brasil, um surto de homofobia – isto é, hostilidade e ameaça física aos gays.
A premissa não se sustenta estatisticamente. Os números, comparativamente aos casos gerais de homicídios anuais no país – cerca de 50 mil! -, são irrelevantes.

Segundo o Grupo Gay da Bahia, de 1980 a 2009, foram documentados 3.196 homicídios de homossexuais no Brasil, média de 110 por ano.

Mais: não se sabe se essas pessoas foram mortas por essa razão específica ou se o crime se deu entre elas próprias, por razões passionais, ou pelas razões gerais que vitimam os outros 49 mil e tantos infelizes, vítimas do surto de insegurança que abala há décadas o país.

Se a lógica for a dos números, então o que há é o contrário: um surto de heterofobia, já que a quase totalidade dos assassinatos se dá contra pessoas de conduta hetero.

O que se constata é que há duas coisas distintas em pauta, que se confundem propositalmente e geram toda a confusão que envolve o tema.

Uma coisa é o movimento gay, que busca criar espaço político, com suas ONGs e verbas públicas, ocupando áreas de influência, com o objetivo de obter estatuto próprio, como se opção de conduta sexual representasse uma categoria social.

Outra é o homossexualismo propriamente dito, que não acrescenta nem retira direitos de cidadania de ninguém.

Se alguém é agredido ou ameaçado, já há legislação específica para tratar do assunto, independentemente dos motivos alegados pelo agressor. Não seria, pois, necessário criar legislação própria.

Comparar essa questão com o racismo, como tem sido feito, é absolutamente impróprio. Não se escolhe a raça que se tem e ver-se privado de algum direito por essa razão, ou previamente classificado numa categoria humana inferior, é uma barbárie.

Não é o que se dá com o homossexualismo. As condutas sexuais podem, sim, ser objeto de avaliação de ordem moral e existencial, tarefa inerente, por exemplo (mas não apenas), às religiões.

Elas – e segue-as quem quer – avaliam, desde que existem, não apenas condutas sexuais (aí incluída inclusive a dos heterossexuais), mas diversas outras, que envolvem questões como usura, intemperança, promiscuidade, infidelidade, honestidade etc.

E não é um direito apenas delas continuar sua pregação em torno do comportamento moral humano, mas de todos os que, mesmo agnósticos, se ocupam do tema, que é também filosófico, político e existencial.

Assim como o indivíduo, dentro de seu livre arbítrio, tem a liberdade de opções de conduta íntima, há também o direito de que essa prática seja avaliada à luz de outros valores, sem que importe em crime ou discriminação. A filosofia faz isso há milênios.

Crime seria incitar a violência contra aqueles que são objeto dessa crítica. E isso inexiste como fenômeno social no Brasil. Ninguém discute o direito legal de o homossexual exercer sua opção. E a lei lhe garante esse direito, que é exercido amplamente.

O que não é possível é querer dar-lhe dimensão que não tem: de portador de direitos diferenciados, delírio que chega ao extremo de se cogitar da criação de cotas nas empresas, universidades e partidos políticos a quem fez tal opção de vida.

Mesmo a nomenclatura que se pretende estabelecer é falsa. A união de dois homossexuais não cria uma família, entendida esta como uma unidade social estabelecida para gerar descendência e permitir a continuidade da vida humana no planeta.

Casamento é instituição concebida para organizar socialmente, mediante estatuto próprio, com compromissos recíprocos, a geração e criação de filhos.

Como aplicá-lo a outro tipo de união que não possibilita o que está na essência do matrimônio? Que se busque então outro nome, não apenas para evitar confusões conceituais, mas até para que se permita estabelecer uma legislação que garanta direitos e estabeleça deveres específicos às partes.

Há dias, num artigo na Folha de S. Paulo, um líder de uma das muitas ONGs gays do país chegou a afirmar que a heterossexualidade não resultaria da natureza, mas de mero (e, pelo que entendi, nefasto) condicionamento cultural, que começaria já com a criança no ventre materno.

Esqueceu-se de observar que, para que haja uma criança no ventre materno, foi necessária uma relação heterossexual, sem a qual nem ele mesmo, que escrevia o artigo, existiria.

Portanto, a defesa de um direito que não está sendo contestado – a opção pelo homossexualismo – chegou ao paroxismo de questionar a normalidade (e o próprio mérito moral) da relação heterossexual, origem única e insubstituível da vida. Não há dúvida de que está em cena um capítulo psicótico da história.


Publicado em O Globo.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

DAR-VOS-EI PASTORES, NÃO PASTORAS

Neste final de semana tive uma experiência diferente. Fui participar de uma cerimônia de casamento que foi dirigida por uma pastora. Eu havia sido convidado pelo noivo a tomar parte na cerimônia, dando uma pequena palavra antes da tradicional “bênção das alianças”. Aceitei o convite e fiz o que ele me pediu. Minha participação foi curta, mas o suficiente para causar certa estranheza.

Eu nunca havia dividido a direção de uma cerimônia com uma pastora. Confesso que não foi uma experiência das mais agradáveis. Não pela pessoa em si, mas pela posição e pelo título dado a ela. Sinceramente, chamar uma mulher de “pastora” não me parece nada confotável, muito menos aceitável biblicamente.

Deus concedeu diversos dons à igreja. A vocação para o ministério está entre esses dons. Mas não vejo nenhuma possibilidade desse chamado se estender às mulheres. Assim como Jesus não chamou apóstolas entre os doze, a Bíblia não fala de presbíteras, bispas, diaconisas nem pastoras. As referências a essas vocações nas Escrituras sempre estão relacionadas aos homens. Não é preciso muito esforço para perceber que não existiam pastoras nas igrejas do Novo Testamento. Um pouco mais de esforço nos levará a perceber que não há registro de pastoras nas igrejas dos primeiros séculos. E um esforço um pouco maior ainda nos fará descobrir que os reformadores nunca se referiram a pastoras, como se recomendassem ou reconhecessem esse tipo de vocação feminina para o ministério.

Não quero aqui desconsiderar o importante papel da mulher na igreja, e sua valiosa contribuição para o progresso da obra de Deus. Cristo resgatou o valor da mulher na sociedade, e há registros de mulheres valorosas na história bíblica, inclusive na igreja do Novo Testamento. Mas não há pastoras na Bíblia.

Creio que muitas mulheres vêm ocupando um espaço na igreja que não lhes pertence. Seja por negligência dos homens ou por mera voluntariedade tipicamente feminina, a verdade é que essa usurpação é uma desobediência injustificada aos princípios bíblicos. Deus prometeu pastores ao seu rebanho, não pastoras. Não compete a ninguém oferecer à igreja o que o Senhor dela não instituiu. Por mais sincero e piedoso que possa parecer, o ministério feminino ordenado é uma invenção humana, não uma ordenança divina.

Vale à pena conferir o texto: “Ordenação Feminina: O que o Novo Testamento tem a dizer?”, do Rev. Augustus Nicodemus Lopes em Fides Reformata. Acesse o texto AQUI.

Agnaldo Silva Mariano

quarta-feira, 15 de junho de 2011

MANIFESTO DA IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL CONTRA A LEI DA HOMOFOBIA

Numa época em que tantas denominações presbiterianas ao redor do mundo têm se rendido à pressão da causa gay e se manifestado favoráveis à união entre pessoas do mesmo sexo e, inclusive, ordenação de pastores e oficiais homossexuais; e ainda, num tempo em que tanto se tem debatido a respeito da chamada Lei da Homofobia, vale à pena relembrar o posicionamento da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) quanto a esta questão.

A IPB tem assumido uma postura decisiva na defesa dos valores bíblicos e constitucionais, declarando-se contrária à interferência do Estado nas matérias de fé e denunciando o pecado como as Escrituras determinam. Vale ainda ressaltar que a IPB não tem qualquer vínculo com as denominações presbiterianas ao redor do mundo que têm assumido defesa da homossexualidade como prática aceitável e, ainda, admitido em seus quadros de obreiros pessoas assumidamente homossexuais.

No ano de 2007, o Rev. Roberto Brasileiro da Silva, presidente do Supremo Concílio da IPB publicou um Manifesto da igreja contra dois pecados em vias de institucionalização no Brasil: a prática do aborto e a criminalização da homofobia. A seguir um extrato desse manifesto da IPB a respeito da chamada Lei da homofobia:

A IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL, diante do momento atual em que as forças organizadas da sociedade manifestam sua preocupação com a possibilidade da aprovação de leis que venham labutar contra a santidade da vida e a cercear a liberdade constitucional de expressão das igrejas brasileiras de todas as orientações, vem a público MANIFESTAR quanto à prática do aborto e a criminalização da homofobia:

Quanto à chamada LEI DA HOMOFOBIA, que parte do princípio que toda manifestação contrária ao homossexualidade é homofóbica, e caracteriza como crime essas manifestações, a Igreja Presbiteriana do Brasil repudia a caracterização da expressão do ensino bíblico sobre o homossexualidade como sendo homofobia, ao mesmo tempo em que repudia qualquer forma de violência contra o ser humano criado à imagem de Deus, o que inclui homossexuais e quaisquer outros cidadãos.

Visto que: (1) a promulgação da nossa Carta Magna em 1988 já previa direitos e garantias individuais para todos os cidadãos brasileiros; (2) as medidas legais que surgiram visando beneficiar homossexuais, como o reconhecimento da sua união estável, a adoção por homossexuais, o direito patrimonial e a previsão de benefícios por parte do INSS foram tomadas buscando resolver casos concretos sem, contudo, observar o interesse público, o bem comum e a legislação pátria vigente; (3) a liberdade religiosa assegura a todo cidadão brasileiro a exposição de sua fé sem a interferência do Estado, sendo a este vedada a interferência nas formas de culto, na subvenção de quaisquer cultos e ainda na própria opção pela inexistência de fé e culto; (4) a liberdade de expressão, como direito individual e coletivo, corrobora com a mãe das liberdades, a liberdade de consciência, mantendo o Estado eqüidistante das manifestações cúlticas em todas as culturas e expressões religiosas do nosso País; (5) as Escrituras Sagradas, sobre as quais a Igreja Presbiteriana do Brasil firma suas crenças e práticas, ensinam que Deus criou a humanidade com uma diferenciação sexual (homem e mulher) e com propósitos heterossexuais específicos que envolvem o casamento, a unidade sexual e a procriação; e que Jesus Cristo ratificou esse entendimento ao dizer, “. . . desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher” (Marcos 10.6); e que os apóstolos de Cristo entendiam quea prática homossexual era pecaminosa e contrária aos planos originais de Deus (Romanos 1.24-27; 1Coríntios 6:9-11).

Ante ao exposto, por sua doutrina, regra de fé e prática, a Igreja Presbiteriana do Brasil MANIFESTA-SE contra a aprovação da chamada lei da homofobia, por entender que ensinar e pregar contra a prática do homossexualidade não é homofobia, por entender que uma lei dessa natureza maximiza direitos a um determinado grupo de cidadãos, ao mesmo tempo em que minimiza, atrofia e falece direitos e princípios já determinados principalmente pela Carta Magna e pela Declaração Universal de Direitos Humanos; e por entender que tal lei interfere diretamente na liberdade e na missão das igrejas de todas orientações de falarem, pregarem e ensinarem sobre a conduta e o comportamento ético de todos, inclusive dos homossexuais.

Portanto, a Igreja Presbiteriana do Brasil não pode abrir mão do seu legítimo direito de expressar-se, em público e em privado, sobre todo e qualquer comportamento humano, no cumprimento de sua missão de anunciar o Evangelho, conclamando a todos ao arrependimento e à fé em Jesus Cristo.

Rev. Roberto Brasileiro

Presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil

segunda-feira, 6 de junho de 2011

UM CENTENÁRIO PARA SER ESQUECIDO (?)

A Igreja Evangélica Assembléia de Deus sempre foi um referencial do movimento pentecostal brasileiro. Ao longo da história a denominação tornou-se protagonista do avanço missionário e um identificador de fervor evangelístico. Por quase todas as cidades que se percorria havia uma igreja Assembléia de Deus. Lugarejos inalcançados pelos protestantes históricos abrigavam comunidades pujantes de assembleianos entusiasmados e inflamados com a típica efervescência pentecostal.

A história das Assembléias de Deus no Brasil, como todos sabem, iniciou-se com a chegada dos missionários suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg a Belém do Pará em 1910. Dali espalhou pelo país, tornando-se uma das maiores denomianções evangélicas do mundo.

A característica e a dinâmica do movimento pentecostal fizeram da Assembléia de Deus uma denominação ímpar, mas também lhe trouxeram alguns prejuízos históricos.

Por muito tempo a Assembléia de Deus foi uma denominação tipicamente antiintelectual. Seus pastores e obreiros se orgulhavam de nunca terem passado por um seminário teológico, afirmando que o pregador do evangelho precisava apenas da Bíblia e da “unção” do Espírito, e não de um diploma para cumprir o “Ide” de Jesus. Seus membros sempre confiaram que o tal “batismo do Espírito Santo” (e suas manifestações excêntricas) seria suficiente para garantir plenitude e firmeza espiritual. Com o tempo, o discurso assembleiano passou a ser uma antítese do protestantismo histórico, e não demorou muito para a Assembléia de Deus ser contaminada pelo vírus perigoso da superioridade espiritual. O “batismo nas águas” passou a ser considerado superior ao batismo por aspersão; o seu “falar em línguas” passou a ser regra e critério fundamental e absoluto de conversão e de espiritualidade; em muitos lugares, a Assembléia de Deus tornou-se rival de outras denominações protestantes, onde líderes trabalhavam incessantemente a fim de tirar crentes de outras igrejas alertando contra o que passaram a chamar de “tradicionalismo”. Assim “tradicional” e “renovado” passaram a ser extremos intocáveis da fé evangélica, contaminando a maneira de ser e pensar de muitos crentes até os dias de hoje.

Não há como duvidar da importância da Assembléia de Deus para o universo evangélico brasileiro. Não há como negar seu valor e influência positiva em muitos aspectos. Mas não se pode também negar que em sua trajetória centenária, a Assembléia de Deus rechaçou muitos ideais fundamentais do movimento reformado e ainda perdeu os rumos de sua rota original, razão por que se encontra numa forte turbulência nesses tempos de comemoração de seu Centenário.

O ano 2011 marca o Centenário da Assembléia de Deus no Brasil. Mas ao invés de uma denominação jubilosa, unida em festa, o que se vê de fora é uma igreja dividida, sulcada por egos inflamados em busca do poder denominacional, ao revés da história e das almas que a fizeram e ainda fazem. Confesso que nada foi mais triste do que assistir recentemente pela televisão a disputa entre facções da denominação pelo controle de uma igreja em São José dos Campos, e a exposição vexatória e constrangedora de disputas judiciais e suas razões em rede nacional, contrapondo ao bom senso e exiguidade recomendados pelas Escrituras aos servos de Deus em litígios pessoais. Até os não-assembleianos, como eu, lamentam que a festa do Centenário das Assembléias de Deus ocorra sob um flagrante racha, que coloca em risco o futuro da denominação.

O tão aguardado Centenário da Assembléia de Deus no Brasil corre o risco de entrar para a história como uma data a ser esquecida. Que as lideranças assembleianas resgatem os princípios que inflamaram os pioneiros missionários e provem que o fogo que arde nos corações assembleianos em seu centenário é o mesmo da “fogueira divina”, descrita por Emílio Conde em seu livro “História das Assembléias de Deus no Brasil” e não um fogo estranho provindo da “Fogueira das Vaidades” de Tom Wolfe. O tempo dirá.

Agnaldo Silva Mariano

quinta-feira, 2 de junho de 2011

A IMPRENSA BRASILEIRA A SERVIÇO DA CAUSA GAY

"Art. 1º O Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros tem como base o direito fundamental do cidadão à informação, que abrange direito de informar, de ser informado e de ter acesso à informação. Art. 2º Como o acesso à informação de relevante interesse público é um direito fundamental, os jornalistas não podem admitir que ele seja impedido por nenhum tipo de interesse, razão por que: I - a divulgação da informação precisa e correta é dever dos meios de comunicação e deve ser cumprida independentemente da linha política de seus proprietários e/ou diretores ou da natureza econômica de suas empresas; II - a produção e a divulgação da informação devem se pautar pela veracidade dos fatos e ter por finalidade o interesse público; III - a liberdade de imprensa, direito e pressuposto do exercício do jornalismo, implica compromisso com a responsabilidade social inerente à profissão; IV - a prestação de informações pelas organizações públicas e privadas, incluindo as não-governamentais, deve ser considerada uma obrigação social; V - a obstrução direta ou indireta à livre divulgação da informação, a aplicação de censura e a indução à autocensura são delitos contra a sociedade, devendo ser denunciadas à comissão de ética competente, garantido o sigilo do denunciante. Capítulo II - Da conduta profissional do jornalista. Art. 3º O exercício da profissão de jornalista é uma atividade de natureza social, estando sempre subordinado ao presente Código de Ética. Art. 4º O compromisso fundamental do jornalista é com a verdade no relato dos fatos, deve pautar seu trabalho na precisa apuração dos acontecimentos e na sua correta divulgação. Art. 6º É dever do jornalista: I - opor-se ao arbítrio, ao autoritarismo e à opressão, bem como defender os princípios expressos na Declaração Universal dos Direitos Humanos; II - divulgar os fatos e as informações de interesse público; III - lutar pela liberdade de pensamento e de expressão".

O texto acima faz parte do Código de Ética dos jornalistas brasileiros, um documento que está em vigor desde 1987 e que serve para fixar “as normas a que deverá subordinar-se a atuação do profissional, nas suas relações com a comunidade, com as fontes de informação, e entre jornalistas”, e se refere à conduta que se espera dos profissionais da área.

Uma imprensa isenta é o sonho de qualquer sociedade, a fim de se conhecer a verdade e de se formar uma opinião própria sobre os acontecimentos à sua volta. Infelizmente, em certos casos, jornalismo e manipulação têm caminhado de mãos dadas, quando determinados interesses estão em jogo, contrariando completamente o Código de Ética da profissão. É o que se pôde observar nesta semana no Brasil.

Na quarta-feira, 01 de junho, uma multidão de mais de trinta mil pessoas foi a Brasília, capital Federal, para protestar contra a aprovação de leis que criminalizam a chamada “homofobia”. A manifestação contou com representantes de igrejas evangélicas e católicas que buscavam pressionar as autoridades a não aprovar o Projeto de Lei Complementar 122/2006 que torna crime qualquer manifestação contrária à prática homossexual no país, sujeitando os críticos dessa prática, inclusive, a penas de reclusão.

O dito Projeto de Lei é um assalto à democracia e à liberdade de expressão, além de uma afronta à Constituição Federal. Reclamar contra a sua aprovação é um dever, não só dos movimentos religiosos, mas de todos os cidadãos brasileiros, que podem ser tolhidos do bem mais precioso da democracia que é a liberdade.

Pois bem, a manifestação ocorreu conforme planejada. Eu não estava lá, mas creio que foi um grande marco nessa luta contra a aprovação de um Projeto de Lei descaradamente inconstitucional. Mas a tristeza que senti foi que, ao procurar nos principais sites de notícias do país, informações sobre o evento, não encontrei praticamente nada, quase nenhuma cobertura da mídia sobre o evento.
O Jornal Nacional da Rede Globo divulgou uma pequena reportagem de pouco mais de 2min30seg. Mesmo assim, ocupou boa parte da reportagem com informações sobre o que prevê o PLC-122/2006, e deu considerável espaço para uma declaração do deputado federal Jean Wyllys, homossexual e grande defensor da causa gay no país. A Band dedicou míseros 49 segundos de um de seus telejornais para falar sobre o evento, tratado como uma manifestação meramente religiosa, desconsiderando completamente o aspecto político-social do evento.

Aquela não foi apenas uma passeata religiosa. Foi um movimento em defesa da Constituição, da liberdade e dos rumos da própria sociedade brasileira. Não se tratava apenas de uma defesa de padrões religiosos, mas de se abrir os olhos das autoridades para o respeito à Carta Magna e aos direitos fundamentais da democracia nacional.

Nos principais sites de notícias do país a manifestação não recebeu nenhuma cobertura. Globo.com, G1, UOL, IG, Terra, Folha.com, O Globo não publicaram absolutamente nada a respeito da passeata. Nem mesmo o R7.com, portal de noticias da Rede Record, emissora ligada à Igreja Universal fez qualquer menção da manifestação. Todos esses veículos de informação preferiram silenciar sobre o assunto, e gastar tempo com trivialidades e futilidades. Além de coincidirem em notícias sobre o assassinato de um ex-participante de reality show, a convocação de Palocci para dar explicações na Câmara Federal e sobre o futebol, as notícias variavam do inútil ao sem importância nenhuma. Bife seco e duro? Veja como resolver erros comuns na cozinha”, era uma das matérias do Terra; Sombra marrom é a grande dica para uma maquiagem chique; veja passo a passo”, anunciava o Globo.com. O UOL dedicou tempo para noticiar que Valeska Popozuda será uma das participantes de ‘A Fazenda 4’". O portal IG dedicou um longo espaço para ensinar “Como preparar e oferecer a papinha para o bebê corretamente”. No R7.com, portal ligado à Rede Record, uma das notícias era que Fiuk divulga vídeo de Sou Eu e diz que está louco para lançar CD. Como se vê, a grande imprensa nacional está mesmo interessada é naquilo que não faz ninguém pensar.

É uma vergonha a maneira como a imprensa brasileira se comporta diante de um tema tão sério. Há uma declarada manifestação da imprensa a favor da causa gay. Não há isenção nas informações. Marcelo Salles escreveu no site Observatório da Imprensa no ano 2007 que “Jornalista tem lado”, afirmando que a imparcialidade jornalística é uma falácia. Guilherme Scalzilli, escrevendo no mesmo site em 2006 disse que “Já não persistem dúvidas de que a imprensa brasileira vive uma crise inédita de credibilidade”. E esta crise fica nitidamente estampada neste episódio em particular.

Não há como confiar em uma imprensa que está a serviço de uma minoria da sociedade, como se suas reivindicações fossem absolutas e inquestionáveis. Não há como aceitar que a imprensa se curve com tamanha submissão à causa gay e não dê aos críticos do comportamento homossexual o mesmo espaço para exposição de suas idéias. Por que quando se trata de manifestações em favor da causa gay há intensa cobertura da imprensa como se isto interessasse a toda a sociedade mais do que a crítica a esse comportamento? Por que a imprensa deu ampla cobertura quando míseros 150 ativistas gays que promoveram um ato desrespeitoso na escadaria de uma Igreja Católica em Florianópolis, e vergonhosa e covardemente, ignorou o protesto de mais de trinta mil pessoas na capital do país em defesa da liberdade e do direito? Por que a notícia de que um marmanjo homossexual chamado Leonardo (vulgo Léa T) desfilando de biquini em um evento de moda do Rio de Janeiro chama mais atenção da imprensa do que 30 mil vozes pedindo respeito à Constituição Federal e à liberdade de expressão? Por quanto será que a imprensa brasileira se vendeu a esta causa gay?

Pelo visto, as palavras do Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros são só um enfeite hipócrita para uma classe subalternizada aos interesses de quem paga mais ou de quem não quer levar a sociedade a pensar. A imprensa brasileira está a serviço da mentira, do engodo e da manipulação. Confesso que sempre admirei o Jornalismo, não apenas como profissão, mas também como missão. Não sou jornalista, mas se pudesse escolher, seria uma das minhas profissões. Mas sinto profunda alegria neste momento por não fazer parte de uma categoria tão comprometida com a parcialidade, com a hipocrisia e com a manipulação, como se vê em nossos dias. Que as exceções se manifestem, se é que elas existem.

Agnaldo Silva Mariano