quinta-feira, 15 de março de 2012

ACERCA DO BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO

O batismo com o Espírito Santo foi prometido por Deus através de Joel e de outros profetas no Velho Testamento,1 bem como através de João Batista e pelo Senhor Jesus Cristo no Novo Testamento.2 Essa promessa cumpriu-se no dia de Pentecoste, quando o Espírito Santo, já presente e atuante na Igreja do Antigo Testamento, veio operar na Igreja Cristã nascente com poder e glória superiores à Sua operação sob o Antigo Pacto, para capacitá-la a testemunhar do Cristo exaltado. 3 Deste batismo participam todos os crentes de todas as épocas ao serem incluídos na Igreja, o Corpo de Cristo, quando da sua regeneração-conversão.4 O batismo com o Espírito Santo no dia de Pentecoste marcou o início da fase neotestamentária da Igreja de Deus, confirmou a exaltação de Cristo à direita de Deus Pai, e inaugurou "os últimos dias".5 O poder prometido pelo Senhor Jesus aos seus discípulos, e que viria a eles por ocasião do Pentecoste, está relacionado com a evangelização apostólica até aos confins da terra, e consiste essencialmente na capacitação de cada crente para testemunhar de Cristo e para viver uma vida em que se veja o fruto do Espírito.6

A Escritura ensina que a experiência normal do batismo com o Espírito Santo coincide com a regeneração-conversão, e que são selados por este mesmo Espírito todos os que crêem genuinamente em Cristo Jesus.7 Portanto, o batismo com o Espírito Santo, indispensável para a genuína regeneração-conversão, não se confunde com a chamada "segunda bênção," referente ao derramamento do Espírito no livro dos Atos dos Apóstolos. Antes, é a graça vitalizadora e capacitadora disponível a todos os crentes, e não apenas a alguns. Acresce que a indizível bênção da regeneração- conversão de modo algum é inferior à chamada “segunda bênção.” Portanto, a recepção inicial de Cristo, pela fé, está associada ao batismo com o Espírito Santo.8 A Escritura também ensina que o batismo com o Espírito Santo, como narrado no livro de Atos, foi dado soberanamente por Deus em circunstâncias especiais, ocorrendo algumas vezes de forma súbita, como no Pentecoste. Quando o Espírito veio sobre os apóstolos e os demais reunidos no cenáculo, tomou-os de surpresa, vindo "de repente" (At 2.2a). Eles esperavam o cumprimento da promessa, mas não sabiam quando e nem como ela se daria. Em outras ocasiões, o batismo com o Espírito ocorreu de forma inesperada, como na casa de Cornélio,9 e ainda em outras através da imposição de mãos dos apóstolos.10

A Escritura dirige-se a todos os que já são crentes como tendo já sido batizados com o Espírito. Em nenhum lugar ela encoraja os que já são crentes a buscar esse batismo, quer por preceito, quer por exemplo. Na expressão "batizar com o Espírito Santo," o verbo ocorre no tempo futuro ("batizará") apenas antes de Pentecoste, e aponta para aquele evento como o futuro cumprimento da promessa do Antigo Testamento.11 Após o Pentecoste, nas cartas escritas pelos apóstolos às comunidades, os crentes são reconhecidos como já tendo sido batizados com o Espírito. Paulo escreveu aos Coríntios: "em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo” (1 Co 12.13).12 A Igreja alegra-se com o desejo de muitos dos seus pastores e membros de ter uma vida espiritual mais profunda e plena, e encoraja-os a buscar continuamente o ser cheios do Espírito, como Paulo ensina.13


Igreja Presbiteriana do Brasil em: "O Espírito Santo Hoje. Dons de Línguas e Profecia" - Carta Pastoral e Teológica endereçada aos Concílios e Ministros da Igreja Presbiteriana do Brasil.
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1 Jl 2.28,29; ver Is 32.15; 59.21; Ez 36.26,27; 37.14.
2 Jo 7.37-39; ver Mt 3.11; Lc 24.49; Jo 14.16,17,26; 15.26; 16.7-16; At 1.4-8.
3 At 2.16-21.
4 1 Co 12.13; Ef 1.13-14. A tradução em 1 Co 12.13 da expressão (“em um
Espírito”), é debatida, mas a maioria das traduções em inglês, alemão e francês, a tem traduzido como
“por um Espírito,” entendendo que a preposição aqui tem força instrumental.
5 At 2.16-17; 2.32-36.
6 At 1.8; Lc 24.49.
7Tt 3.5; At 2.38; Rm 5.5; 8.9; 1 Co 12.13. Ver At 11.17; 19.2, e ainda Ef 1.13-14; 2 Co 1.22; Ef
4.30.
8 1 Co 12.3; Rm 8.9-10; 1 Jo 4.2.
9 At 10.44-46.
10 At 8.14-16; 19.6. Neste sentido, aquelas experiências foram únicas, já que não temos mais
apóstolos como os Doze ou Paulo.
11 Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16; e At 11.16.
12 A expressão “todos nós” abrange mais que somente a comunidade de Corinto, e aplica-se a
todos os crentes, conforme o restante do verso 13 indica. No original grego, “todos nós,” ocupa posição enfática. O aoristo indicativo aponta para uma ação pontilear realizada no passado. Por “pontilear” entende-se aquela qualidade de ação do aoristo indicativo, em que a ação é encarada do ponto de vista da sua realização, como um ponto, em contraste com o aspecto linear de outros tempos verbais, em que a ação é vista como ainda em andamento.
13 Ef 5.18. A ordem de Paulo pode ser traduzida como “enchei-vos” (reflexivo) ou “deixai-vos encher” (passivo). Entretanto, a maioria dos intérpretes prefere o sentido passivo.

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