quarta-feira, 5 de maio de 2010

NEM "GOSPEL" NEM "DO MUNDO". EU PREFIRO MÚSICA BOA.

Já fui questionado várias vezes se é correto o crente ouvir música não-cristã, ou, no evangeliquês, “música do mundo”. Perguntado eu me lembro que já fui, mas, sinceramente, eu não me lembro se já respondi esses questionamentos, e nem como respondi. Na verdade, é uma tristeza responder esse tipo de questionamento. Os crentes deveriam ser mais maduros espiritualmente para saber o que fazer de suas próprias vidas, de acordo com as Escrituras, não ficar o tempo todo procurando no pastor respostas prontas para determinar o rumo de suas existências. Há muitas pessoas que fazem esse tipo de pergunta ao pastor simplesmente porque não querem pensar. Aí vão amolar o pastor para que ele pense por elas.

Ninguém nunca me questionou sobre que tipo de música eu ouço. Se questionassem eu teria uma resposta mais fácil. Bom, primeiramente eu preciso dizer que eu ouço pouquíssimas músicas. A maior parte delas é cristã; ou evangélica, como queiram; ou gospel, vá, lá. Mas eu também ouço músicas não-cristãs; ou seculares, como querem outros; ou “do mundo”. Sim, ouço poucas, mas ouço. A realidade é que eu não tenho muita paciência para sentar e ouvir música. Ouço quando estou no carro ou, de vez em quando, no computador. Mas não sou muito disciplinado em relação a isto. O que ouço? Eu já disse. Ouço música evangélica e música não-evangélica também.

Eu não perco tempo separando o que é gospel do que é, na linguagem simplória do gueto evangélico, “mundano”. Prefiro outro tipo de critério: prefiro separar o que é bom (de acordo com o meu gosto) do que é ruim (também de acordo com o meu gosto). Música é questão de gosto. Há músicas evangélicas que são ruins, e há músicas não evangélicas que são boas, e vice-versa. Então prefiro ouvir o que é bom, independente de ser evangélico ou não. Mas o gosto é meu. O que eu considero bom talvez não seja bom para outras pessoas. Da mesma forma, o que eu considero ruim pode não ser ruim para outros. Não há padrão absoluto que defina o gosto; portanto, não pode haver regra absoluta que determine esta questão. Isto depende de cada um.

O problema é que nós nos acostumamos com a cultura de que tudo que é evangélico é bom, e o que não é evangélico é ruim. Este é o critério último para muitas pessoas escolherem a música, a lanchonete, a padaria, o livro e até o candidato a vereador, a prefeito, etc. Sinceramente, acho esse critério de uma pobreza sem tamanho. Isso fortalece uma cultura de gueto que muitos evangélicos vivem. Há quem pense que os evangélicos devem comprar somente dos comerciantes evangélicos, ler apenas literaturas evangélicas, votar somente em evangélicos, e por aí vai. É como se Deus fosse Deus apenas dos evangélicos e reinasse apenas nas igrejas evangélicas. Não! Deus é Senhor do mundo inteiro e reina em toda a terra. É assim que o povo de Deus cria e cantava: “Ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam” (Salmo 24. 1). Deus é Senhor de tudo e de todos; ele reina sobre toda a terra e seus moradores. Não há nenhum centímetro de terra em todo este planeta que Deus não seja o Senhor dele. Essa cultura de gueto é uma visão míope da glória e da majestade de Deus.

Nem tudo o que os crentes fazem é bom. Na verdade, o ideal seria que a música cristã, as artes e outras manifestações culturais produzidas por cristãos fosse um primor de qualidade, pois Deus dá dons aos seus servos para isto. Mas nem sempre é assim. Boa parte das vezes é tudo mal feito, improvisado, esculhambado. E isto tudo com a desculpa esfarrapada de que é “para a glória de Deus”. Ora, se é para a glória de Deus deveria ser o melhor, não? Outras vezes, quando é feito com certa qualidade é para a glória de quem produziu, de quem cantou; e, então, vira esse desfile de vaidade que a gente vê por aí. Chego a ficar nauseado ao ouvir expressões como “artista gospel”, “fã-clube gospel”, “show gospel”. Se é para a glória de Deus por que há tanto culto às personalidades gospel?

Minha preferência é por boa música. Se a música boa for evangélica, eu ouço; mas se não for evangélica, eu ouço sem o menor sentimento de estar pecando contra Deus. Não faço deste meu critério uma palavra última nesta questão, nem quero que todos pensem assim. Isto é pessoal. Afinal, gosto não se discute, como se diz por aí. Sendo assim, deixem-me continuar encantado com a “Aquarela” de Toquinho e com “Expressão de Louvor” do Logos na mesma harmonia e paz de espírito.

5 comentários:

Anônimo disse...

A palavra de Deus nos diz que não há comunhão entre Deus e o diabo,entre luz e trevas,entre o santo e o profano.Portanto esta questão da música não é apenas do gosto,mais de uma ordenança da palava de Deus,considerando que os artistas em sua grande maioria fazem todo tipo de pacto e consagrações em nome do sucesso.Entao,se os evangélicos agradarem,vale tudo,em nome simplesmente do prazer de ouvir?

Unknown disse...

Onde está a ordenança da Palavra de Deus nesta "questão da música"? Por favor, me indique os textos bíblicos para que eu possa conferir. Se o seu critério for válido, então os crentes não podem assistir novelas, nem filmes (pois neles também há músicas), e devem também averiguar se todo produto que compram em qualquer comércio tem procedência cristã. Seria difícil viver assim, não é? Prefiro ficar com o que disse o apóstolo Paulo em 1 Coríntios 10. 25 a 29. E quanto ao texto bíblico citado, minha sugestão é que você faça um estudo mais aprofundado para entender o verdadeiro significado das palavras do apóstolo. Obrigado pelo comentário, apesar de não saber quem é você.

Jean disse...

Caro Pr. Agnaldo... é uma pena que fomos tão contaminados pela perspectiva pentecostal dualista.
Bom texto. Deus o abençoe sempre!
Ps. apague o texto anterior. Escrevi seu nome errado. Me desculpe.

Unknown disse...

Infelizmente essa é a perspectiva que tem predominado em nosso meio. O problema é que muitas pessoas preferem as interpretações simplistas como vc vê acima do que uma reflexão madura. Concordo com um amigo meu que diz que boa parte do nosso cristianismo é cultural, não bíblico.
Obrigado pelo comentário.
Agnaldo.

Leandro Guimarães disse...

Boa noite Agnaldo, ótima observação essa sua sobre os valores cristãos encima de coisas que tanto causam duvidas e criticas sobre as escolhas nossa de cada dia. Eu sou um pouco suspeito pra comentar sobre o texto, pois sou apaixonado por musica. No meu inicio de converssão eu passei por algumas duvidas sobre escutar ou não musicas do mundo... Se estaria eu pecando contra o todo poderoso se o meu coração ainda se sentisse atraído por aquilo que sempre me fez bem. Hoje em dia, graças à DEUS, estou liberto disso e me sinto muito bem fazendo aquilo que gosto... ouvir em alto e bom som o que tem de melhor para os meus ouvidos. Concordo com você quando diz que tanto lá quanto cá tem músicas boas e ruins. Só pra ressaltar, tem umas musiquinhas evangélicas que só Jesus...
Enfim, procuro ouvir o que me agrada. Uma boa melodia, uma boa mensagem, uma ótima voz, ou seja, uma combinação perfeita para que seje feita justiça aos meus ouvidos. Viva a música direita... Aquela boa letra, com a batida perfeita, que edifica, alegra e nunca morre nem entristece os nossos corações.